Diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Socias da Igreja católica, assinala Jornadas da Comunicação, a realizar a 25 e 26 em Coimbra, como oportunidade de valorização do trabalho de profissionais
Lisboa, 19 set 2025 (Ecclesia) – Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Socias (SNCS) da Igreja católica, apontou hoje a necessidade de “moderar a linguagem” como “serviço à verdade”.
“Ainda não atingimos enquanto sociedade, e se calhar também enquanto Igreja, o alerta suficiente para começarmos a pensar como é que lutamos contra isto (agressividade), porque a moderação na linguagem também é muito importante para o serviço da verdade. Eu não sirvo melhor a verdade por ser agressiva, na maneira como eu dou a notícia ou como eu falo; eu também sirvo a verdade na maneira como eu procuro as palavras e sou moderada nas palavras”, explica em entrevista à Agência ECCLESIA.
A responsável assinala a “agressividade” que encontra, “em especial nas redes sociais” e fala num “enorme trabalho a ser feito”, tarefa que cabe “também à comunicação da Igreja” e, em especial, dirigida aos mais jovens, fomentando um “discernimento” no consumo nas plataformas digitais.
“Precisamos de baixar essa onda de violência em que os próprios católicos muitas vezes caem e os comunicadores têm um trabalho decisivo. Penso muitas vezes na questão da esperança, afirmada pela Igreja, não como uma pretensão, mas como uma essência da fé. Se não fosse a Igreja a falar de esperança ao mundo, eu não sei muito bem quem é que o faria. Continuar a falar de esperança é permitir que os sonhos continuem”, valoriza.
O Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja católica organiza as Jornadas Nacionais de Comunicação Social, agendadas para os dias 25 e 26 de setembro, a decorrer no Seminário de Coimbra, com o tema «Comunicar sem corantes nem conservantes», num convite a “valorizar a verdade”.
“A valorização da verdade continua a ser a peça-chave do trabalho da comunicação e dos comunicadores. Aquilo que queremos é uma verdade que não tenha nem corantes nem conservantes, uma verdade que não seja temperada; uma procura da verdade que se faz todos os dias, que se constrói todos os dias e que se procura revelar ao mundo da melhor maneira possível. Uma verdade que faça perguntas”, traduz.
Isabel Figueiredo reconhece uma “fronteira difícil” entre a informação apelativa e os conteúdos veiculados em plataformas digitais e entendidos como informação e refuta “pozinhos e escondimentos” que atraem público.
A responsável recorda a expressão do Papa Francisco dirigido aos profissionais da comunicação para «gastarem a sola dos sapatos».
“O Papa Francisco pediu para sabermos ouvir com o coração; pediu para aprendermos o significado da compaixão, mesmo em termos de trabalho de informação, e para falarmos com o coração. Ao mesmo tempo que pedia ações muito concretas – vocês vão para a rua e gastem-se ao serviço da verdade – ele dizia, mas atenção, o coração é o centro. Acho que esta chamada de atenção é muito importante para todos os comunicadores, mas de um modo muito particular em quem trabalha em comunicação da Igreja”, indica.
«Há que encontrar um equilíbrio no trabalho jornalístico entre a denúncia do que está errado – porque se serve a verdade – e o anúncio do que está certo – porque aí também estou a servir a verdade. Neste caminho, denuncia-se o que está errado mas informa-se sobre o que de positivo acontece”, sublinha.
A diretora do SNCS indica as Jornadas Nacionais de Comunicação Social como uma oportunidade de encontro e valorização da informação feita por órgãos de comunicação local.
“Realizam um trabalho pouco partilhado e valorizado e precisamos de continuar a valorizar o interior do país e a ir ao encontro do país”, assinala.
A entrevista com Isabel Figueiredo está em destaque no Programa ECCLESIA, emitido este sábado na Antena 1, pelas 06h00.
LS