Comunicação: Função principal «é promover a dignidade humana» – Manuel Pinto

Diocese de Angra reúne profissionais do setor

Angra do Heroísmo, Açores, 04 nov 2016 (Ecclesia) – O professor de Ciências da Comunicação, da Universidade do Minho, Manuel Pinto, alertou hoje para o “grande perigo” da sociedade da comunicação “matar a própria comunicação”, na conferência inaugural das jornadas do setor promovidas pela Diocese de Angra.

“Hipervaloriza-se um modelo transmissivo em detrimento de um mundo ritual” que devolva à comunicação a sua “função principal que, é promover a dignidade humana e uma convivência que nos permita viver melhor”, explicou o docente universitário, na conferência ‘Dos Media à Comunicação: dos muros às pontes’.

Segundo o sítio diocesano ‘Igreja Açores’, Manuel Pinto considerou que a formação para o uso critico dos média e a capacidade de ler a sua atuação na promoção da dignidade humana são “dois grandes desafios que se impõem” na sociedade da comunicação atual.

“Definitivamente não temos melhor comunicação apesar das ferramentas tecnológicas de que dispomos”, observou, alertando para a “arrogância moral e intelectual” que o mundo vive.

“É um desrespeito do outro e pelo outro”, acrescentou o professor de Ciências da Comunicação que criticou a “autorreferencialidade da própria comunicação social que mata qualquer possibilidade de comunicação”.

“A criação de pontes é crucial para garantir o ambiente simbólico sem o qual o ambiente tecnológico não pode sobreviver bem”, alertou no encontro que tem como tema ‘Pontes para a inclusão’.

Na primeira conferência das II Jornadas Diocesanas de Comunicação, em Angra do Heroísmo, o investigador da Universidade do Minho recordou o tema da ecologia integral para assinalar que “é essencial” que na sociedade se faça uma ligação entre a biosfera e a socioesfera, sem esquecer a presença dos meios de comunicação.

“Seria bom que conseguíssemos retomar o modelo do bom comunicador que é apresentado pelo Papa Francisco que é o da parábola do Bom Samaritano: O que para, o que dá, o que ouve e o que recebe, sem arrogância”, desenvolveu, adiantando que isso realiza-se numa “educação para os media nas escolas e nas famílias”.

Segundo Manuel Pinto não se pode morrer por “intoxicação comunicacional”, algo que é necessário afirmar “de forma clara”.

“Podemos matar pela comunicação e na internet, por exemplo, isso é uma realidade diária”, salientou o professor universitário que diferenciou três realidades sociais que se vivem hoje na sociedade da informação, como os refugiados, os descartados e os precários.

Segundo o programa às 15h00 começou uma segunda mesa redonda com os assessores de imprensa Pedro Ferreira e Paulo Barcelos com o jornalista e investigador Armando Mendes vão falar de ‘Informação: uma ponte para a inclusão ou para a exclusão

O professor Viriato Soromenho-Marques, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, apresenta a conferência – ‘Habitar a Terra em Conjunto: Um Dever e uma Tarefa Inadiáveis’ – às 16h30, e as jornadas de comunicação terminam com a intervenção do bispo de Angra, D. João Lavrador, uma hora depois.

O sítio online da Diocese de Angra informa ainda que o encontro começou com a intervenção do diretor do Serviço Diocesano da Pastoral das Comunicações Sociais, o cónego Ricardo Henriques, que desafiou os participantes a refletirem sobre a responsabilidade social dos media e dos jornalistas em particular para a construção de uma sociedade melhor.

CB

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Agência ECCLESIA

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