Mais de mil pessoas deram vida ao simpósio promovido pela Conferência Episcopal Portuguesa, que apontou caminhos de futuro (fotogaleria) A Conferência Episcopal Portuguesa reuniu esta Sexta-feira mais de mil pessoas para um simpósio sobre a actual situação de crise económica e social que atinge o país, apostando num reforço da coesão social e em novos modelos de desenvolvimento. No final dos trabalhos, subordinados ao tema “Reinventar a solidariedade”, D. José Policarpo, Cardeal-Patriarca de Lisboa, falou da necessidade de “caminhos novos” para e de uma “consciência ética” face ao momento que se vive no mundo. Ao longo de quase 10 horas, foram apresentados diagnósticos e propostas em diversas áreas, da escola à cultura, da economia à política, da assistência institucional a novas formas de solidariedade, da comunicação social ao ambiente, procurando ultrapassar uma visão financeira e economicista da crise que atinge o mundo. Adoptar uma família pobre, quantificar a ajuda prestada pela Igreja, apostar na educação dos jovens e crianças desfavorecidos, encontrar novos líderes e novos valores para a vida económica foram algumas das ideias apresentadas pelos oradores para alterar a sociedade portuguesa, que lidou mal com a globalização e vive um défice de confiança. D. José Policarpo falou do “papel que tiveram, em grandes mudanças, as tomadas de consciência colectivas dos povos”. A Igreja, assinalou, tem o dever de discernir “os sinais de um mundo novo”, assinalando que o simpósio “lança um alerta e uma interrogação” sobre a necessidade de “escutar a crise”. “Do fundo do seu drama, pode estar a surgir a voz que desafia todos, pessoas e estruturas, a porem-se a caminho, mudando em favor do homem, renovando-se em favor da família humana”, concluiu. D. Jorge Ortiga, presidente da CEP, manifestou à Agência ECCLESIA a sua “profunda satisfação” com o desenrolar dos trabalhos, assegurando que os mesmos corresponderam aos desejos dos Bispos, fazendo surgir “ideias” e propostas. Para o futuro, o Arcebispo de Braga indica o projecto de elaborar um “elenco daquilo que é possível” fazer, naquilo que diz respeito à Igreja, em particular nas suas comunidades e associações. O presidente da CEP diz que é importante que os grupos paroquiais tenham “maior consistência e capacidade de resposta”. “Teremos, em certo sentido, de redescobrir a palavra paróquia, que vem do grego e está ligada à ideia de proximidade”, acrescenta. Na abertura dos trabalhos, D. Jorge Ortiga falava de “comunhão” como palavra de ordem, na economia e na espiritualidade, envolvendo todos. “Nós, Bispos, estamos preocupados e vamos continuar a reflectir. Temos consciência que alguns dos leigos que aqui estão têm uma maior capacidade de resposta”, aponta. D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, destaca a importância de a Igreja estar presente no debate sobre a crise, através desta iniciativa, “reunindo muita gente que no dia-a-dia está junto da problemática social”. Falando à Agência ECCLESIA, o prelado fala numa “reflexão de centenas de pessoas”, ligadas à área social. As propostas surgidas “ganham o reforço de serem ditas assim, com este colectivo, que as tornam um acto de Igreja e uma oferta à sociedade”. D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, pediu que haja um grupo em cada comunidade cristã que “dinamize a dimensão social”. O problema não é só do governo e do mercado, mas também da sociedade civil. “As pessoas devem pensar nos interesses nacionais e é altura do amor à pátria se concretizar em opções de coesão social”, afirmou. Na abertura dos trabalhos, o Cardeal Óscar Maradiaga, Presidente da Caritas Internationalis indicou que o problema da crise que o mundo atravessa “não se resolve com liquidez”. Perante quase um milhar de participantes, D. Óscar criticou a arena global que está a “criar um mundo onde a ganância coloca à margem da história muitas pessoas e está a produzir a exclusão”. O simpósio na AE • Reinventar a solidariedade