À entrada alinhavam-se as casas de cimento, recentemente construí-das, e palmeiras há pouco plantadas. Nem se sente o peso do tempo sobre a cidade. Mais ao fundo, desenham-se montanhas agrestes de aparente calcário com aspecto inútil e repetitivo. Aproximamo-nos à procura de uma gruta. É conhecida como a Gruta de São Pedro e conta a tradição que estamos perante a primeira cátedra de Pedro, antes de ir para Roma. Começa a sentir-se a força do símbolo naquela rocha firma, sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. E vamos sabendo e celebrando mais: Antioquia da Síria, cidade onde nos encontramos, é um ponto essencial de irradiação do Cristianismo. Forma-se a primeira comunidade com judeus e gentios. Pela primeira vez, os discípulos de Jesus são apelidados de cristãos. Visitada por Barnabé e Paulo, Antioquia foi ponto de partida e regresso das primeiras viagens do apóstolo nascido em Tarso. Rompe com a ideia de o cristianismo ser para os judeus, proclama-O aos gentios, gera conflitos, dá origem ao primeiro Concílio Ecu-ménico. Passados dois mil anos, e quando se prepara a abertura do Jubileu do nascimento de Paulo de Tarso, em Antioquia, num antigo bairro judaico, uma comunidade católica e ortodoxa, com presença ocasional de muçulmanos, celebra a Eucaristia. Enquanto se canta o salmo, do minarete ao lado a mesquita chama os seus fiéis para a oração. Penso, nesta celebração, no Deus que a todos escuta por igual e sinto particularmente significante o abraço de paz dos cristãos: “Vede como eles se amam”. Como era no princípio. António Rego