Comissão teológica católico-ortodoxa reconhece primado do Papa

Mas documento, publicado pelo Vaticano, indica que ficou por estudar a sua função Segundo a história e a tradição eclesial, o bispo de Roma é considerado como o primeiro entre os patriarcas, tanto nas Igrejas do Oriente como nas do Ocidente, conclui um documento histórico assinado por representantes católicos e ortodoxos. No entanto, os seus objectivos e funções que derivam deste primado, devem ser estudadas melhor para poderem ser compartilhadas por estas duas tradições cristãs. O documento, publicado esta Quinta-feira em Roma, Atenas, Istambul e Chipre, foi escrito na reunião da Comissão Mista Internacional para o diálogo teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa em conjunto, que se celebrou de 8 a 14 de Outubro, em Ravena, na Itália. A assembleia foi presidida pelo Cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e por D. Ioannis, Metropolita de Pérgamo, do patriarcado ecuménico de Constantinopla. O encontro centrou-se na reflexão sobre se existe uma figura que desempenhe o primeiro lugar tanto para católicos como para ortodoxos, respeitando a «igualdade sacramental» e a «mesma dignidade» própria do bispo». A resposta que o documento oferece, texto dividido em 46 pontos, de dez páginas, aponta para o facto de católicos e ortodoxos concordarem com o facto de que o bispo de Roma, quer dizer o Papa para os católicos, é considerado o «protos», ou seja, o primeiro entre os patriarcas de todo o mundo, pois Roma, segundo a expressão de Santo Inácio de Antioquia, é a «Igreja que preside na caridade». No entanto, segundo se percebe no documento, católicos e ortodoxos ainda não concordam nos objectivos deste primado, dado que, segundo afirma o documento, “existem diferenças na compreensão tanto da maneira na qual deveria ser exercido, como em seus fundamentos segundo as Escrituras e a teologia”. O documento constitui um passo para superar o “grande cisma” que separou as Igrejas ortodoxas de Roma no ano de 1054. Na reunião chegou-se à conclusão, reflectindo sobre as «Consequências eclesiológicas e canónicas da natureza sacramental da Igreja. Comunhão eclesial, conciliaridade e autoridade». Os primeiros responsáveis pela conciliaridade são os bispos, unidos em comunhão, explicam os especialistas da Comissão. Os bispos não só “deveriam estar unidos entre si na fé, na caridade, na missão, na reconciliação”, mas que “têm em comum as mesmas responsabilidades e o mesmo serviço à Igreja”. A autoridade vem de Cristo, “fundamenta-se sobre a Palavra de Deus”, e através dos apóstolos é “transmitida aos bispos e a seus sucessores”. Depois e alguns pressupostos, o documento de Ravena analisa a sua aplicação a diferentes níveis. No primeiro nível, o local, a Igreja existe como “comunidade reunida pela Eucaristia” e é presidida directa ou indirectamente por um bispo. “Esta comunhão é o marco no qual se exerce toda autoridade eclesial”, indica. Neste nível, o bispo é o “protos”, o primeiro, o chefe da comunidade. O segundo nível é o regional, onde se regista a “comunhão com as demais Igrejas que professam a mesma fé apostólica e que compartilham a mesma estrutura eclesial”. O ponto 24 do documento cita um cânone, aceito tanto no Ocidente como no Oriente, que estabelece como “os bispos de cada nação têm de reconhecer aquele que é o primeiro entre eles e considerá-lo seu líder”, salvaguardando assim a “concórdia”. Surge depois o nível universal da comunhão entre as Igrejas de todos os lugares e tempo. A expressão desta comunhão são os concílios ecuménicos, desde as origens da Igreja, onde os bispos das cinco sedes apostólicas – Roma, Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém – enfrentavam questões de primordial importância. E aqui, nos concílios ecuménicos, reconhece-se o “papel activo” exercido pelo bispo de Roma, como a personalidade mais ilustre entre os bispos das sedes maiores. No entanto, algumas dificuldades entre católicos e ortodoxos surgiram na definição de concílios «ecuménicos» dada pela Igreja Católica a concílios celebrados após o grande cisma. Conclui a Comissão, que “fica por estudar de forma mais profunda, a questão do papel do bispo de Roma na comunhão de todas as Igrejas”, ou seja, que há que analisar a função específica do bispo da ‘primeira sede’ segundo uma eclesiologia de ‘koinonia’, ou seja, de comunhão. Ao mesmo tempo fica por estudar conjuntamente “o ensino sobre o primado universal dos Concílios Vaticano I e Vaticano II, para que possa ser compreendido e vivido à luz da prática eclesial do primeiro milénio”, quando a Igreja não estava separada. Com Zenit

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Agência ECCLESIA

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