Comissão da Liberdade Religiosa contra polémica em volta das caricaturas de Maomé

A Comissão de Liberdade Religiosa lamentou ontem em comunicado a polémica surgida em volta das caricaturas de Maomé, criticando o “confronto grave com mortes já verificadas” e apelando ao “diálogo” e “à discussão serena”. Num texto divulgado à imprensa, assinado pelo presidente, José Meneres Pimentel, e pelo vice-presidente, Fernando Soares Loja, a Comissão cita o teólogo alemão Hans Kung, para dizer que “não pode haver paz entre as nações, sem paz entre as religiões”. “Lamenta-se vivamente ter a citada polémica resvalado para um confronto grave com mortes já verificadas”, lê-se no comunicado. “Apelamos a que o diálogo se restabeleça com discussão serena e civilizada para que se alcance a paz”, conclui o texto. A Comissão da Liberdade Religiosa foi criada por despacho de 12 Fevereiro de 2004 da ministra da Justiça, Celeste Cardona, em cumprimento da Lei da Liberdade Religiosa. Além de Meneres Pimentel, a Comissão inclui José Eduardo Borges de Pinho e o Pe. Saturnino da Costa Gomes (ambos designados pela Conferência Episcopal Portuguesa), Abdul Karim Vakil (Comunidade Islâmica de Lisboa), Esther Mucznik (Comunidade Israelita de Lisboa) e Fernando Soares Loja (Aliança Evangélica Portuguesa). Além destes, contam-se ainda Ashok Hansraj (Comunidade Hindu de Lisboa), Eduardo Costa Ferreira (Universidade Católica), Bacelar de Gouveia (Universidade Nova) e Nazim Ahmad (Fundação Aga Khan). Na mesma linha da Comissão se pronunciou, ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, o qual afirmou que lamenta e discorda da publicação de caricaturas de Maomé que “ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos” e incitam a uma “inaceitável guerra de religiões”. Em comunicado, Freitas do Amaral defende que “a liberdade de expressão, como aliás todas as liberdades, tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros”. O jornal dinamarquês Jyllands-Posten publicou a 30 de Setembro 12 caricaturas do profeta Maomé – incluindo uma em que é representado com um turbante em forma de bomba – reproduzidas a 10 de Janeiro por um jornal norueguês e depois por vários outros países europeus, gerando uma onda de protestos dos muçulmanos.

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