Irmão José Eduardo de Freitas é enfermeiro e o padre Manuel Fidelino Jardim forma futuros missionários
Kalongo, Uganda, 14 dez 2022 (Ecclesia) – Os Missionários Combonianos do Coração de Jesus (MCCJ) em Portugal têm religiosos ao serviço da população do Uganda e da Igreja Católica, num hospital, em casas de acolhimento de crianças, e na formação de noviços.
“A minha presença neste lugar quase mítico do Ambrosoli não é um começo ou um fim mas faz parte de uma linha enorme de Combonianos e muita outra gente que já cá esteve. Uma continuação do trabalho e outros virão depois, é esse o espírito que vivo nos poucos meses que estou aqui, é esse o sentido de participação e contribuir no trabalho”, disse o irmão José Eduardo de Freitas, em entrevista à Agencia ECCLESIA.
O missionário comboniano português trabalha como enfermeiro no Hospital de Kalongo, que o padre da mesma congregação e médico Giuseppe Ambrosoli ajudou a desenvolver no norte do Uganda.
Giuseppe Ambrosoli, natural de Itália, viveu em Kalongo durante 31 anos, morreu em 1987 depois do esforço de evacuar o hospital em virtude da guerra que atingia a região do norte do país; foi beatificado no dia 20 de novembro deste ano, e a celebração foi acompanhada pelos jornalistas Henrique Matos e Tiago Azevedo Mendes.
“Uma coisa que me impressionou desde que aqui cheguei e comecei a ver mais fotografias de Ambrosoli, em muitas ele não está a olhar para a câmara mas para a pessoa ou para a criança que tem nos braços, e impressionou-me a capacidade de fazer a encarnação”, contou o irmão José Eduardo de Freitas.
Segundo o missionário português trabalhar no mesmo local de Giuseppe Ambrosoli “convida muito a uma certa imitação” do dom do novo beato Comboniano, “é imitar as suas virtudes de humildade e a capacidade que ele tinha de encontrar nas pessoas Jesus Cristo”.
“Sermos capazes de encontrar Jesus no irmão que cuidamos mas que os outros vejam a presença na forma como trabalhamos, como estamos presentes”, acrescentou.
Com a formação de base em enfermagem e formação em acompanhamento psicológico e espiritual, José Eduardo de Freitas, após a oração da manhã, a pessoal e a comunitária “com os cristãos na igreja e com as irmãs”, vai trabalhar para o hospital, atualmente a ajudar “na Farmácia e no armazenamento”, e de tarde acompanha “crianças com alguma incapacidade e deficiência, que é “outra realidade na paróquia”.
“São crianças que à volta da paróquia estavam bastante negligenciadas pela família e começaram a desenvolver problemas físicos e motores, de locomoção, não iam à escola. Alguém foi capaz de encontrar esta necessidade e duas casas foram construídas para dar suporte para que pudessem aceder à escola”, explicou.
Outro missionário português neste país é o padre Manuel Fidelino Jardim que é o vice-mestre de noviços, “uma etapa muito importante na formação na vida religiosa”, numa casa, com “26 jovens de sete nacionalidades, perto do “grande santuário dos mártires do Uganda”.
“O noviciado é este tempo para aprender a rezar, é o tempo para ser transformado pela oração, o centro da vida do missionário, do consagrado, é Deus, e quando Deus faz parte da nossa vida, ver tudo com os olhos de Deus, isso transforma a nossa realidade”, explicou o sacerdote, natural da Madeira, à Agencia ECCLESIA.
A primeira missão do padre Manuel Fidelino Jardim foi “há muitos anos”, em 1992 partiu para África, para o Congo e para uma tribo mas não estava preparado e “o isolamento” foi “um choque”, mas encontrou ajuda numa comunidade de “missionários felizes” e nas próprias pessoas.
“O missionário não vem com uma cultura, ele vem com uma mensagem, vem com uma Boa Nova, claro que tem a sua cultura mas o que ele traz é a Boa Nova, que é aceite por todas as pessoas mais ou menos bem, compreendem que o missionário traz uma carta de Deus, uma notícia”, disse o sacerdote comboniano que viveu 25 anos na República Democrática do Congo, antigo Zaire.
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