Combonianos: Campo de trabalho levou jovens a trabalhar com os imigrantes, nas estufas do Oeste

«Redescobre-te na fraternidade» foi a iniciativa que deu a perceber «outra realidade» e a «quebrar estereótipos»

Foto: Missionários Combonianos

Lisboa, 14 abr 2023 (Ecclesia) – Os Missionários Combonianos promoveram um campo de trabalho com imigrantes, intitulado “Redescobre-te na fraternidade”, onde os jovens puderam experimentar a vida do campo e “quebrar estereótipos”.  

“É difícil pelo trabalho em si, estivemos nas estufas e faz imenso calor, é um trabalho duro e para os imigrantes, que estão afastados das suas famílias, sem conforto ou apoio, que não regressam a um lar, isso ainda nos custa mais perceber, calçar o sapato do outro é muito difícil, fica-me desta experiência o acolhimento do outro na sua essência, sem julgamento ou estereótipos, e é difícil”, explica Sara Maia, no programa JIM em Atividade, da Rádio JIM Online. 

O campo de trabalho aconteceu de 03 a 06 de abril, nas Caldas da Rainha, numa “estufa de flores e plantas” e onde existem outros imigrantes a trabalhar na “apanha da batata doce, tomate e flores”.

Ana Sofia, veio de Mafra, tem 18 anos e, habituada ao campo por viver numa aldeia, “não esperava uma experiência tão desafiadora”.

“É uma experiência desafiadora, diferente, apesar de estar habituada ao campo, venho de uma aldeia, mas a este ritmo tem sido um desafio grande perceber que, em poucas horas estou a morrer de cansaço, e estes imigrantes fazem isto todos os dias, eu penso que é preciso ter uma força enorme”, revela. 

Já o Rafael, com 21 anos, contava que a experiência do campo de trabalho lhe deu um “misto” de sentimentos.

“A experiência tem sido um misto, vinha com uma expetativa diferente do que encontrei e parecia que estava a ser inútil mas depois entendia que as coisas não acontecem como queremos e há um proposito… Saio daqui realizado, alem de tentar fazer a diferença na vida daquelas pessoas, mudei a minha vida”, conta. 

O jovem, vindo da Apelação, assumiu ainda que tem de “aprender a ser mais grato na sua vida” e que a experiência o tinha ajudado.

Com os jovens estiveram também um sacerdote comboniano, padre Filipe Resende, e o missionário comboniano, irmão José Manuel. 

“É preciso ver a pessoa no seu todo, estes imigrantes trazem experiências muito interessantes, aqui temos desde muçulmamos, católicos, cristãos, evangélicos e ortodoxos, e todos vivem em harmonia e respeita-se isso, é uma experiência muito bonita”.

O irmão José Manuel, de 57 anos, já tem acompanhado outros grupos de leigos missionários combonianos na “temporada da apanha da batata doce” e foi-se apercebendo das dificuldades dos imigrantes. 

“Muitos deles vinham para Portugal para estudar mas, depois, não conseguem suportar o curso e até as dívidas que deixam no seu país, outros vêm doentes, não conseguem pagar rendas e alimentação, vêm trabalhar e depois há outros, muito jovens, que vêm à procura de melhores condições de vida, são todas estas realidades juntas”, refere. 

O irmão comboniano destaca a importância das empresas que dão oportunidade e trabalho aos imigrantes, para que “não haja só a ideia que há empresas que exploram”. 

“Aqui sonham com os imigrantes, ajudam muitas vezes com a roupa e a alimentação, muitas vezes chegam aqui sem almoço e a empresa ajuda, há todo este cuidado do outro, não é só vir trabalhar mas cuidar da pessoa; é muito importante criar estes núcleos de trabalho onde a pessoa se sente família e onde se sente bem, acho que o futuro das empresas é esse”, aponta

O irmão José Manuel lembra também a dificuldade das leis para estes imigrantes que dificulta a “contratação das pessoas por parte das empresas”, para “estar de acordo com a lei”.

O campo de trabalho “Redescobre-te na fraternidade” esteve em destaque na emissão da rádio online JIM – Jovens em Missão.

SN

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