Combater a crise sem «inevitabilidades»

Pároco da Diocese de Setúbal defendeu tese de mestrado sobre «Percursos de vida de trabalhadores desempregados»

Setúbal, 28 jun 2012 (Ecclesia) – O padre Constantino Alves, pároco de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, afirmou hoje que é necessário “um novo modelo de desenvolvimento económico e financeiro” perante a atual crise, recusando um discurso de “inevitabilidades”.

Para este responsável, há que “fortalecer e reforçar os laços sociais, numa sociedade onde a solidariedade está cada vez mais estilhaçada” pelo atual estilo de vida.

O equilíbrio “que existia” deu lugar “ao desemprego estrutural”, refere religioso da Congregação dos Filhos da Caridade, em declarações à Agência ECCLESIA.

O sacerdote apresentou esta quarta-feira, na Universidade Católica Portuguesa, a sua tese de mestrado em Serviço Social Percursos de vida de trabalhadores desempregados de Setúbal num mundo de trabalho em mudança’.

Para o padre Constantino Alves, o mundo do trabalho “tem sofrido um processo de profundas transformações” que se devem, fundamentalmente, “às crises cíclicas do capitalismo; ao incremento da inovação tecnológica, à globalização e mundialização da economia, ao afluxo das mulheres, em grande número, no mercado de trabalho e ao fluxo migratório”.

O trabalho científico foi orientado por Teresa Líbano Monteiro, com uma classificação final de 18 valores.

As mudanças identificadas levaram, segundo o autor, “ao aumento do desemprego e à precariedade no trabalho”.

Os efeitos das mudanças são visíveis “não por uma necessidade económica, mas por uma decisão política apoiada pelos neoliberais que pretendem apenas o lucro e o capital”, sustenta o pároco de Nossa Senhora da Conceição, em Setúbal, em cujo território se encontram os bairros clandestinos da Quinta da Parvoíce e da antiga Mecânica Setubalense.

Nos tempos atuais, o trabalhador sente-se “desvalorizado” e “é visto em função das estratégias do lucro das empresas”, reforça o sacerdote, natural de Castelo Paiva (Distrito de Aveiro, Diocese do Porto).

A flexibilidade que é apresentada como “imperativo de uma necessidade económica” é uma “estratégia do capital de hoje”, frisa o padre Constantino Alves, para quem esta “não é uma fatalidade nem uma necessidade imperiosa, mas uma estratégia do capital”.

Segundo o autor, assiste-se a uma “desregulamentação generalizada” em toda “a legislação laboral” e a crise atual deriva de quatro fatores: “Especulação financeira, falta de mecanismo reguladores da economia, falta de estadistas políticos que estejam à altura dos desafios e o aumento das injustiças sociais”.

No seu trabalho científico, o pároco recomenda aos políticos, “sobretudo os cristãos, que fundamentem a sua ação nos princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja”.

LFS

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Agência ECCLESIA

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