Perante o actual cenário de crise resultante da subida dos preços dos produtos alimentares, a Rede Europeia Anti-Pobreza/Portugal (REAPN) tem apresentado estratégias que devem ser implementadas ao nível nacional pelo governo português, entre elas a constituição de uma Task Force que tenha como missão estudar de forma séria a subida do preço, o seu impacto económico e social e garantir um controlo da especulação. “Deve ser garantida uma regulação dos preços que não se constitua enquanto um factor de desmotivação para os agricultores, mas que impeça a especulação dos preços. Sublinhe-se que a especulação dos preços leva a uma subida dos preços, mas não implica necessariamente que os agricultores, nomeadamente os mais pobres, beneficiem efectivamente deste aumento, nem um maior capital para o reinvestimento na agricultura, refere esta organização. A REAPN defende também o fomento do desenvolvimento rural, procurando o desenvolvimento de programas e acções que permita uma maior fixação da população nas zonas rurais e combatendo a desertificação dessas regiões. Estas acções “devem ser desenvolvidas em conjunto com um novo investimento na agricultura ao nível da investigação de novas tecnologias, do desenvolvimento de infra-estruturas agrárias e de um melhor acesso ao mercado por parte dos agricultores”. Outra media passa pelo aumento dos salários, nomeadamente dos salários mais baixos, de forma a compensar a subida dos preços e evitar uma diminuição do poder de compra das famílias com menores recursos. Para a organização, continua a ser urgente a definição de um verdadeiro Programa Nacional de Combate à Pobreza com a participação da sociedade civil. Nesse sentido, à imagem do que é referido por outras instituições que se encontram no terreno, junto dos mais desfavorecidos, pede um “Observatório Dinâmico Nacional de Combate à Pobreza”, que permita um conhecimento baseado numa actualização constante e cruzamento dos dados de diferentes fontes. Através deste observatório pretende-se “uma maior capacidade de conhecer o fenómeno da pobreza em Portugal e acompanhar a sua evolução”. A REAPN aponta que a luta contra a pobreza tem que se transformar numa causa e prioridade nacional. Para esse efeito, “é necessário a uma fortíssima campanha de sensibilização da opinião pública, campanha esta que deve ser promovida envolvendo todos os actores, particularmente aqueles que directamente experienciam situações de pobreza e exclusão social”.