Colóquios entre Vaticano e lefebvrianos prosseguem em Outubro

Caminho para a comunhão não será feito a qualquer preço

Na segunda metade de Outubro serão realizados colóquios entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre, informou o porta-voz do Vaticano.

O Pe. Federico Lombardi confirmou, além disso, os nomes dos três especialistas que participarão nos encontros em representação do Vaticano. Trata-se do dominicano suíço Carles Morerod, secretário da Comissão Teológica Internacional; do jesuíta alemão Karl Josef Becker e do vigário-geral do Opus Dei, o prelado espanhol Fernando Ocariz Brana.

Esta semana, em declarações a um jornal alemão, o Cardeal Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, afirmara que a Santa Sé “explicará muito claramente” aos lefebvrianos aquilo que não considera “negociável”, como “o diálogo com os judeus e as demais religiões e confissões cristãs e a liberdade religiosa como direito fundamental da humanidade”.

No passado mês de Julho, Bento XVI procedeu à reestruturação da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”, responsável pelo diálogo com os lefebvrianos. A presidência deste organismo foi assumida pelo Cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Num “Motu Próprio” (carta escrita por iniciativa do Papa) publicado pelo Vaticano era referido que a decisão papal quis “mostrar solicitude paterna em relação à Fraternidade São Pio X, a fim de reencontrar a plena comunhão com a Igreja”.

Em Março, o Papa tornara pública uma carta dirigida aos Bispos católicos de todo o mundo para explicar a remissão das excomunhões de 4 Bispos da Fraternidade São Pio X, em Janeiro deste ano, que tinham sido ordenados pelo falecido Arcebispo Lefebvre sem mandato pontifício, no ano de 1988.

Nessa altura, revelou a intenção de unir a Comissão “Ecclesia Dei” – instituição competente desde 1988 para as comunidades e pessoas que, saídas da Fraternidade São Pio X ou de idênticas agregações, queiram voltar à plena comunhão com o Papa – à Congregação para a Doutrina da Fé.

“Deste modo torna-se claro que os problemas, que agora se devem tratar, são de natureza essencialmente doutrinal e dizem respeito sobretudo à aceitação do Concílio Vaticano II e do magistério pós-conciliar dos Papas”, explicava.

Com o Motu proprio “Ecclesiae unitatem”, Bento XVI apresentou uma nova estrutura da Comissão instituída em 1988, por João Paulo II. Além da mudança de presidente, foi nomeado como novo secretário Mons. Guido Pozzo, até então adjunto da Comissão Teológica Internacional e ajudante de estudo da Congregação para a Doutrina da Fé.

Bento XVI indica que a remissão das excomunhões foi um procedimento canónico “para libertar as pessoas do peso da mais grave censura eclesiástica”, mas sublinhou que “continuam em aberto as questões doutrinais”.

Até que estas sejam esclarecidas, prossegue, a Fraternidade Sacerdotal São Pio X “não pode gozar de um estatuto canónico na Igreja e os seus ministros não exercem de modo legítimo qualquer ministério na Igreja”.

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Agência ECCLESIA

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