Encontro com corpo diplomático encerra primeiro dia do Papa na Turquia Bento XVI encerrou o primeiro dia da sua visita à Turquia com um novo apelo à colaboração entre religiões, afirmando que a mesma é fundamental para a paz. Num discurso dirigido a cerca de 90 embaixadores e chefes de missão do Corpo Diplomático, em Ankara, o Papa disse que as religiões “devem conhecer-se melhor e respeitar-se reciprocamente”. O diálogo entre fiéis de diversas confissões tem como objectivo, segundo Bento XVI, “agir cada vez mais ao serviço das aspirações mais nobres do homem, que está em busca de Deus e da felicidade”. O Papa frisou que as religiões devem renunciar a “justificar o recurso à violência como expressão legítima da prática religiosa”. Bento XVI manifestou-se ainda preocupado com a possibilidade de actos terroristas em larga escala, por causa da “evolução de conflitos regionais” no Médio Oriente e pediu que se respeitem “as decisões internacionais”. Apesar disso, alertou, “tudo será ineficaz se não for o fruto de um diálogo sincero, quer dizer, um sincero encontro entre as exigências das partes envolvidas, a fim de se chegar a soluções politicamente aceitáveis e duradouras”. A Igreja Católica, neste contexto, procura “servir a causa do homem”, lembrando a “vontade contida no Evangelho”. O compromisso nesta área interpela todos os crentes e por isso é intenção do Papa reforçar a colaboração com a Igreja Ortodoxa, a começar já pelo encontro com o Patriarca Ecuménico, Bartolomeu I. Após ter acenado à questão da liberdade religiosa no encontro com o presidente para os assuntos religiosos da Turquia, Bento XVI centrou a sua intervenção junto dos diplomatas acreditados neste país na necessidade de “garantir e proteger” o respeito pela liberdade de consciência e de culto. Começando por sublinhar a dimensão central do “compromisso em favor da paz”, o Papa passou para a esfera dos direitos, defendendo que num país democrático há que garantir “ a liberdade efectiva para todos os crentes e permitir-lhes que organizem livremente toda a vida da sua própria comunidade religiosa”. “A liberdade religiosa é uma expressão fundamental da liberdade humana”, assinalou, pelo que “a presença activa das religiões na sociedade é um facto de progresso e de enriquecimento para todos”. As minorias religiosas na Turquia têm dificuldades em afirmar os seus direitos, apesar desta ser um Estado laico. No caso dos católicos, cerca de 0,04% da população (dados oficiais do Vaticano), as dioceses, paróquias e institutos religiosos da minoria não beneficiam, neste momento, de reconhecimento jurídico por parte do Estado e os seus responsáveis — bispos, párocos, superiores religiosos —não são reconhecidos como “ministros de culto”. Os seus direitos de propriedade sobre imóveis (igrejas, conventos, escolas, hospitais) não são reconhecidos como tais, sendo unicamente registados com o nome de privados ou como fundações particulares.