Presidente da confraria recorda a mulher «que dava um bom rei» nos 700 anos da peregrinação a Santiago de Compostela e nos 400 da sua canonização
Coimbra, 21 ago 2025 (Ecclesia) – O presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel, em Coimbra, afirmou que a celebração, ao longo deste ano, dos 700 anos da peregrinação que fez a Santiago de Compostela e dos 400 da sua canonização, mostram a sua atualidade.
“Os grandes atributos da Rainha Santa são hoje muito atuais: o amor, o zelo pelos mais desfavorecidos, o tentar infundir nas pessoas o espírito de paz, porque havendo paz há sempre mais possibilidade de ajudar os mais desfavorecidos, e a oração, que hoje está a faltar muito e ajuda a que sejam alcançados os outros dois atributos”, disse Joaquim Costa Nora.
Em entrevista ao programa Ecclesia, emitido esta quinta-feira na RTP2, pelas 15h00, o presidente da Confraria da Rainha Santa Isabel valorizou a realização das festas na cidade, este ano excecionalmente, para assinalar as datas centenárias, e porque se realizam apenas nos anos pares.
“Estamos a tentar manter e chamar as pessoas a prestarem a sua devoção e a seguirem o exemplo da Rainha Santa Isabel”, indicou Joaquim Costa Nora.
A Confraria da Rainha Santa Isabel emitiu duas medalhas comemorativas das datas centenárias, da peregrinação da santa de Aragão a Santiago de Compostela, há 700 anos, e, há 400, da sua canonização, e foi condecorada pela Câmara Municipal de Coimbra com a Medalha da Cidade Grau Ouro.

Para Joaquim Costa e Nora a Rainha Santa Isabel é uma “figura incontornável” na História de Portugal que, casada com o rei D. Dinis, cedo revelou capacidades pouco comuns entre as mulheres da corte e uma sensibilidade pelos “mais desfavorecidos”.
“Um dos grandes atributos da Rainha Santa Isabel é a devoção que tinha pelos mais desfavorecidos, que procurava acolher das mais diversas formas”, afirmou, exemplificando com o apoio que dava a quem tem fome e às suas aias por ocasião do casamento ou da maternidade.
Joaquim Costa e Nora considera que o pendor social das ações da rainha era por ela assumido como “um ato político” na consciência de que podia inspirar atitudes diferentes perante os problemas sociais.
“A circunstância desse ato, que hoje se podia designar de político, está de alguma forma ilustrado numa frase atribuída ao próprio rei D. Dinis, que dizia à Rainha Santa ‘eras boas para seres rei’”, referiu o presidente da confraria de Coimbra.
É conhecida a lenda do ‘Milagre das Rosas’, associado à Rainha Santa e sinal da sua generosidade, mas Joaquim Costa e Nora lembra que o pão não chegou apenas pela atitude solidária da rainha, mas também pela sua capacidade diplomática.
Em diversas crises, ela soube negociar com os seus familiares de Aragão e comprou pão “para fazer face à grande fome que grassou em Portugal, em particular na zona de Coimbra”.
A Rainha Santa Isabel é a padroeira de Coimbra desde os tempos do terramoto de 1755, quando os responsáveis da região, por esta não ter sido muito afetada, decidiram atribuir o facto aos santos sepultados na cidade, Santa Isabel de Portugal, São Teotónio e Santos Mártires de Marrocos, declarando-os protetores.
Mais tarde, a Rainha Santa Isabel foi declarada protetora e padroeira da cidade, sendo o feriado municipal o dia 4 de julho, dia da sua morte.
A entrevista ao presidente da Confraria Rainha Santa Isabel, Joaquim Costa Nora, é emitida no programa Ecclesia desta quinta-feira (RTP2, 15h00), dia da semana em que, ao longo deste mês de agosto, são recordadas efemérides que se assinalam ao longo deste ano.
HM/PR