Coimbra: S. Paulo foi tema de reflexão nas Jornadas de teologia promovidas pelo ISET

“A verdade para S. Paulo é Cristo”. A afirmação é de D, Ilídio Pinto Leandro, bispo de Viseu no encerramento das Jornadas de Teologia do Instituto Superior de Estudos Teológicos, realizadas a 20 e 21 de Fevereiro no Instituto Justiça e Paz, em Coimbra. Segundo o bispo de Viseu, “o Evangelho é para Paulo tudo, ou seja, é o seu agir moral, é a sua missão e a sua vocação”. “Paulo está consciente que é apóstolo, chamado pelo Senhor. Ele sabe que o Evangelho é a verdade. Sabe que tal como o recebeu, também o deve transmitir”, explicou D. Ilídio a cerca de uma centena de participantes presentes numas jornadas dedicadas exclusivamente a S. Paulo. Segundo o prelado da diocese de Viseu, “tal como Paulo cultivou o amor à verdade, para corrigir, ensinar e servir”, também nós somos hoje desafiados a aceitar a verdade para corrigir e anunciar. Quanto à liberdade em S. Paulo, D. Ilídio é peremptório a dizer-nos que esta “está ao serviço da verdade”. “A lei antiga (AT) prendia-nos e escravizava-nos, com Jesus Cristo a lei completa-se ou seja com Cristo, a verdade torna-nos livres”, afirma o bispo na sua reflexão teológica sobre S. Paulo. Segundo D. Ilídio, “Deus está presente no coração da pessoa humana, tornando a consciência o arauto de Deus”. “A consciência em S. Paulo é a casa, o santuário, o lugar de encontro com Deus”, explica ainda o prelado. “A consciência não é a fonte da verdade, mas procura que se pratique a verdade, aproximando-nos da luz”, afirma por fim D. Ilídio. José Carlos Carvalho, outro dos conferencistas destas jornadas partilhou a sua reflexão sobre o tema “Jesus de Paulo e Jesus dos Evangelhos”. João Duque falou sobre “Paulo e os desafios inter-culturais”. O professor da Universidade Católica retratou o mundo de S. Paulo num mundo multicultural, desde das raízes judaicas de Paulo à influência cultural greco-romana. “S. Paulo exerceu grande parte da sua actividade evangelizadora em cidades portuárias, onde existia naquela época um grande fluxo de navios mercantes, hoje todas as cidades são portuárias, porque hoje não navegamos somente pelo mar, mas também pela Internet”, explicou o conferencista em jeito de crítica, para que a Igreja não descura este mundo. “Assim como o cristianismo teve que abandonar o mundo rural em S. Paulo, hoje também tem que mudar a sua forma de estar no mundo através da Internet”, afirmou. António Moiteiro abordou o tema “Paulo e a Formação de Comunidades Cristãs”. Comparou as nossas comunidades com a de S. Paulo. Para António Moiteiro “temos ainda muitos cristãos nas nossas comunidades que ainda não descobriram Jesus Cristo e não fizeram a reconversão inicial. O problema não é da catequese, mas sim do Kerigma (Primeiro anúncio de Jesus Cristo)”. Segundo o conferencista, o objectivo seria de aplicar o método de S. Paulo na formação das primeiras comunidades cristãs nas comunidades de hoje. António Moiteiro também apelou à formação dos leigos. Segundo o conferencista, as “comunidades cristãs estão muito marcadas pela secularização. É um erro dar como adquirido um baptizado”, disse. Para António Moiteiro, a nossa Igreja tem estado a fazer uma “Pastoral de conservação e vez de promover uma pastoral mais diversificada, com itinerários de formação nas comunidades”. “Os bispos têm estado há três anos a debater esse problema e não há maneira de se ver uma luz”, enfatizou. “Fazem-se não sei quantos anos de catequese e o que é que fica?”, interpelou o conferencista. O Padre Vítor Coutinho abordou a ética em S. Paulo e o Padre A. Jesus Ramos explicou o itinerário histórico de S. Paulo, abordando as três grandes viagens pelo mediterrâneo. Miguel Cotrim/«Correio de Coimbra»

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Agência ECCLESIA

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