D. Virgílio Antunes apela à contínua renovação pastoral da diocese, que transformou 270 paróquias em 40 unidades pastorais, com o envolvimento de muitos leigos
Coimbra, 18 jan 2025 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra afirmou em declarações à Agência ECCLESIA que a diocese tem de continuar a apostar no ministério laical e na renovação pastoral para evitar que as palavras participação, colaboração e responsabilidade não fiquem “simplesmente como palavras”.
“A nossa Igreja diocesana precisa imperiosamente de dar continuidade a estes caminhos da doutrina, da Teologia e da pastoral, para se tornar mais viva com a participação, com a colaboração, com a responsabilidade: palavras que têm um significado tão grande e que às vezes ficam simplesmente como palavras se não tivermos formas muito concretas, meios de as tornar uma realidade presenciada e vivida nas nossas comunidades, a todos os níveis”, afirmou o D. Virgílio Antunes.
A Diocese de Coimbra promove hoje a Jornada Diocesana de Formação, com o tema “Uma Igreja mais ministerial, sinal de esperança” e que reúne perto de duas centenas de participantes, onde foi lembrada a “tradição muito longa de ministerialidade” na região e a necessidade de dar aos vários ministério a “estabilidade que faz parte integrante do ministério instituído”.
“Tem os sacerdotes, os presbíteros, tem os diáconos, também o bispo, o ministério ordenado, mas depois tem vindo a desenvolver ao longo dos tempos muitos ministérios, concretamente da animação das comunidades, da orientação das celebrações dominicais na ausência de presbítero, dentro da área da catequese, dos leitores, dos acólitos, da ação social e caritativa”, lembrou o bispo diocesano.
Para D. Virgílio Antunes, “sem homens e mulheres que são ministros ordenados ou que são pura e simplesmente leigos e disponíveis e desejosos de trabalhar na Igreja, não era possível continuar a fazer este caminho, tanto na dimensão da vivência interna da Igreja, na sua edificação, na sua estruturação, no seu espírito, na sua alma e na sua santidade, como no que diz respeito à abertura para o exterior, ao testemunho, à transformação das realidades à luz do Evangelho”.
O bispo de Coimbra referiu-se ao apelo do Papa de abrir os ministérios de leitor, acólito e catequista à “universalidade dos cristãos que estejam nas condições adequadas”, lembrou também o documento da Conferência Episcopal Portuguesa a “incentivar e a procurar dar as orientações que estão ao seu alcance e no seu âmbito para que isso pudesse acontecer”, assim como a “um estudo e um trabalho que deu origem a um pequenino documento orientador para o desenvolvimento dos ministérios instituídos”, na diocese.
“Esta jornada procura ser um momento de dar a conhecer, de incentivar, de clarificar, dentro do contexto daquilo que temos vindo a fazer no âmbito da Igreja e da nossa Diocese de Coimbra”, afirmou.
D. Virgílio Antunes lembrou que “há necessidade de renovação da Igreja”, de “renovação espiritual, de renovação pastoral, de renovação das relações, do encontro entre as pessoas”, no ambiente da diocese, onde já aconteceu a “redefinição geográfica”
“Das nossas 270 paróquias, atualmente estamos organizados em cerca de 40 unidades pastorais que têm presbíteros, que têm diáconos e sobretudo que têm muitos leigos com ministérios ou simplesmente servidores a desenvolver um trabalho muito eficaz e belo de participação, que os deixa felizes”, afirmou.
O bispo de Coimbra disse que as unidades pastorais na diocese são a “base de ação”, a partir das quais se estão a constituir os conselhos pastorais e equipas de animação pastoral, em todas as unidades pastorais, que integram “um grupo de leigos, homens e mulheres que, juntamente com os ministros ordenados, programam, orientam, conduzem, realizam, refletem, rezam acerca da vida de toda a comunidade”.
“Estou a fazer atualmente uma visita a cada uma das equipas pastorais das nossas unidades pastorais, ao longo deste ano, e tem sido uma experiência belíssima, porque encontro pessoas muito felizes que participam, à sua maneira, nesta pequena equipa de animação pastoral”, afirmou
Para o bispo de Coimbra, a redefinição geográfica em curso na diocese não decorre de “redimensionar o tamanho” das comunidades ou de “unir paróquias”, mas de “criar um conjunto de elementos que são fundamentais para o crescimento da Igreja, contando com os padres, com os diáconos, com os consagrados também, embora neste caso sejam poucos, e sobretudo com muitos leigos”.
“Faz-nos sempre falta saber mais, conhecer em maior profundidade, conhecer a Teologia, conhecer até a História deste percurso que a Igreja tem vindo a fazer e, sobretudo, ganhar ânimo interior, ganhar alma, ganhar espírito, ganhar esta disponibilidade evangélica para estar presente na Igreja e no mundo”, indicou D. Virgílio Antunes.
A Jornada Diocesana de Formação contou com as comunicações do padre Tiago Freitas, da Arquidiocese de Braga, e do padre Nuno Santos, da Diocese de Coimbra.
LJ/PR
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