Evento acolhido pelo centro hospitalar universitário confronta o medo da «degradação» com a perspectiva cristã de «plenitude»
Coimbra, 15 mar 2012 (Ecclesia) – Os Hospitais da Universidade de Coimbra acolhem entre hoje e amanhã o simpósio ‘Paradoxos do Corpo que Morre’, iniciativa que confronta o medo da “degradação” com a perspetiva cristã de “plenitude”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o padre José António País, que integra o Serviço de Assistência Espiritual e Hospitalar dos HUC, explica que o principal objetivo do evento é “desmistificar” questões como a velhice, a doença e a morte, “colocando profissionais e não profissionais de saúde a pensar publicamente sobre estas matérias”.
“À medida que o ser humano caminha na vida, vai atingindo a sua plenitude, pode perder algumas capacidades mas vai ganhando outras. Porque não olhar para estes assuntos de forma mais positiva?”, questiona o sacerdote.
O painel de abertura do certame, que conta com cerca de quinhentos participantes, entre os quais médicos, enfermeiros, religiosos e sacerdotes, incidiu sobre o “culto do corpo” que hoje “domina a sociedade” e “nem sempre da forma mais saudável”.
Ensombrada pelo medo da “degradação”, a vida transforma-se numa luta “doentia” pela preservação do que é belo e agradável à vista e as primeiras vítimas desta mentalidade são os idosos, os doentes e incapacitados.
“O doente tem de ter ao seu lado alguém que o ajude a ter um outro olhar”, salienta o padre José António Pais, para quem “há muito a fazer, não só com os pacientes mas também com os próprios profissionais de saúde, que também passam por estas etapas.
Entre as terapias que são praticadas para ajudar os pacientes a superarem as suas dificuldades, o diálogo, a atenção e o contacto humano surgem como as mais eficazes.
“O toque, o segurar na mão, uma carícia, toda esta comunhão é importantíssima, mesmo num doente que esteja em coma”, complementa o sacerdote.
O simpósio ‘Paradoxos do Corpo que Morre’ é o terceiro acontecimento do género organizado pela capelania dos HUC, em parceria com organismos como a Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde e a Associação de Humanização em Saúde de Coimbra.
Esta iniciativa, que está presente na rede social Facebook, vai abordar temáticas como “a dignidade do corpo morto”, a “sexualidade na doença”, “o corpo (s)em relação” e “a ressurreição vs reincarnação”.
Destaque também para o lançamento, esta tarde, a partir das 18h00, de uma exposição fotográfica intitulada “Corpo de Morte”.
JCP