D. Virgílio Antunes determinou que valor da renúncia quaresmal reverte em favor dos «irmãos da Faixa de Gaza»
Coimbra, 05 mar 2025 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra lançou a mensagem para a Quaresma 2025, na qual associa tempo litúrgico de 40 dias à esperança, tema do Jubileu 2025.
“Nesta Quaresma somos convidados a ver e compreender quais os sinais de esperança que existem em nós, nos outros e no nosso mundo”, afirmou D. Virgílio Antunes, no texto enviado à Agência ECCLESIA, dando vários exemplos.
“Quando vemos alguém a viver uma relação de amizade, de amor e comunhão com Deus, percebemos aí sinais de esperança; quando vemos alguém a amar os outros com uma atitude de caridade, de entrega e até de sacrifício de si mesmo, mas feliz por se dar, reconhecemos aí sinais de esperança. Quando vemos as pessoas e a humanidade a percorrer caminhos de unidade, de solidariedade, de justiça, de diálogo, de amizade e compreensão, percebemos que lá está a esperança que vem de Deus e abre caminhos de eternidade”, escreveu.
A Quaresma, que começa esta quarta-feira com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias (a contagem exclui os domingos) marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (em 2025, no dia 20 de abril).
D. Virgílio Antunes faz referência ao facto de esta Quaresma se celebrar em ano jubilar e que este “é o tempo especial de graça que a Igreja” oferece para retomar, “com mais ânimo”, a “peregrinação para Deus”.
“Fomos marcados pela esperança que anima todas as pessoas humanas criadas como seres livres e abertas ao futuro, mas queremos nesta Quaresma tomar a firme decisão de aprofundar a nossa vocação para o encontro com Deus, para O conhecer e O amar, para que seja Ele o rosto e o nome da nossa esperança”, assinalou.
Segundo o bispo diocesano, a Quaresma no ano do Jubileu 2025 marcado pela esperança, faz, “afinal, uma única pergunta: para que é que eu vivo sobre a terra?”.
“A fé cristã dá-nos a resposta, quando nos garante que vivemos para estar em relação de amor com Deus e com os irmãos enquanto peregrinamos sobre esta terra, e para entrarmos na relação definitiva de amor com Deus e com os irmãos no mundo que há de vir, na vida eterna”, explicou.
Para D. Virgílio Antunes, é “urgente tomar a decisão de transferir a razão” da “esperança do mundo perecível para o Deus eterno”, “é urgente tomar a decisão de fazer caminho sério e responsável nesta vida terrena” que agora se vive, “a partir da fé no Deus” que salva e convida “para estar com Ele na vida que virá”.
“São duas as vias complementares nesta peregrinação: a do acolhimento da fé vivida na comunidade cristã, que nos leva a crescer no amor a Deus por meio da celebração dos sacramentos e da perseverança na oração; e a do acolhimento da fé que se manifesta na orientação da vida para a amizade e a comunhão fraterna com os outros”, referiu.
Os “irmãos da Faixa de Gaza” vão receber o valor da renúncia quaresmal da Diocese de Coimbra, determinou o bispo, sendo esta uma prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese.
“Convido a uma generosa partilha com aqueles irmãos e irmãs que sofrem e estão privados de todos os bens materiais necessários à vida”, apelou na mensagem.
“Desejo a todos uma santa Quaresma, que nos conduza à peregrinação da vida nova que irrompeu no mundo com Cristo morto e ressuscitado, a nossa esperança”, concluiu D. Virgílio Antunes.
LJ/OC