Bispo alerta para o risco de «discursos paralelos», sem um conhecimento adequado da realidade
Coimbra, 18 jan 2019 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra afirmou que a Igreja precisa de “dar passos muito firmes” ao encontro dos jovens, conhecendo-os “para os acolher” e fazer “caminho com eles”.
“Corremos o risco de andar com discursos paralelos, se não temos um conhecimento bem real daquilo que é a juventude do nosso tempo que são os jovens que estão na Igreja, que estão fora, que contactam ou não contactam, que gostam ou não gostam, e não haver pontos de encontro”, disse D. Virgílio Antunes à Agência ECCLESIA.
O Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil de Coimbra está a promover um inquérito online, destinado a todos os jovens, e conta com o “apoio” do seu bispo, uma vez que a iniciativa se “insere naquilo que tem sido o dinamismo da Igreja nos últimos tempos”, em concreto com o Sínodo do Bispos sobre ‘os jovens, a fé e discernimento vocacional’ que decorreu em outubro de 2018.
“Como Igreja precisamos de dar passos muito firmes no sentido de ir ao encontro dos jovens”, assinalou o prelado, sublinhando que “é essencial” ouvir, estar atentos, conhecer, “tomar conta das suas dificuldades, das suas alegrias, anseios”.
D. Virgílio Antunes, um dos seis bispos portugueses que vai participar na Jornada Mundial da Juventude 2019, no Panamá, espera encontrar desafios e oportunidades que poderá aplicar na diocese.
“Espero que as JMJ ajudem a fazer este caminho a começar por nós, os bispos, os sacerdotes, os animadores, que precisamos de ser os primeiros a mudar de mentalidade e de atitude para uma capacidade de discernimento e abertura maiores”, referiu.
O bispo afirma que a Igreja e o mundo “precisam de uma atitude diferente no que diz respeito à relação com os jovens”, afirmou o bispo de Coimbra no contexto da 34.ª edição do encontro mundial de jovens que decorre, entre 22 e 27 de janeiro, pela primeira vez, no Panamá.
Para o bispo de Coimbra, este “é um momento essencial da Igreja”, que precisa de encontrar “propostas adequadas” do ponto de vista humano, da vivência da fé e do discernimento vocacional.
D. Virgílio Antunes observa que “um dos problemas” tem sido o excesso de “diagnóstico”, com muito diálogo, muito conhecimento e, “até, muita escuta”, mas sem consequência no que diz respeito à “implementação das medidas, das ações, dos dinamismos, e da atitude fundamental”.
“Cada vez mais penso que temos de ser operativos e consequentes, conhecemos uma realidade e temos de procurar mudar a mentalidade, é o grande desafio do Papa Francisco, da Igreja dos últimos tempos”, desenvolveu.
O entrevistado deseja “capacidade e coragem” na ação da Igreja com a juventude, para desinstalar-se, “ensaiar novas formas de encontro, novas propostas, novos dinamismos”.
O questionário que está a ser promovido pelo SDPJ de Coimbra destina-se a todos os jovens dos 16 aos 30 anos, e a resposta é anónima.
Hugo Miguel, da Diocese de Coimbra, que vai viver no Panamá as suas quartas jornadas, depois de Roma (2000), Madrid (2011) e Cracóvia (2016), lembra o “impacto enorme” que sentiu ao perceber que “não vivia esta fé sozinho” e havia “mais dois milhões de jovens que professavam a mesma coisa, que acreditavam no mesmo”.
O membro da equipa diocesana da pastoral juvenil refere que, quando se regressa “não se pode ficar parado”, e dá como exemplo o repto a “sair do sofá” do Papa Francisco, na noite da vigília na JMJ polaca.
“Aproveitar o entusiasmo, este carregar de energia que é viver uma jornada, e pôr essa energia a render e tentar levar aos outros. Temos de contagiar todos os jovens e transmitir esta energia”, explica Hugo Miguel.
Luís Santos, da mesma comunidades diocesana, realça que as JMJ fazem os jovens “transbordar de entusiasmo, força, fé”.
“A nossa missão é continuar, provocar e trazer dessa experiência para o dia-a-dia, na família, amigos, trabalho e estar o máximo presente esse espírito”, salientou o jovem administrativo da Sé de Coimbra, que vai à sua terceira JMJ.
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