Cidade e Diocese unidas nas celebrações
Coimbra, 04 jul 2012 (Ecclesia) – O Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, na Diocese de Coimbra, tem tido uma “enorme afluência de pessoas” de vários pontos do país e do estrangeiro para verem a relíquia da mão da Rainha Santa Isabel, revelou o pároco local.
O padre António Sousa refere à Agência ECCLESIA que as “pessoas têm acorrido ao local, com filas ininterruptas”, numa manifestação de devoção que se vai prolongar até segunda-feira.
A “Rainha Santa”, como é conhecida, nasceu em 1271 e era filha dos reis de Aragão, província da atual Espanha; recebeu o nome da sua tia-avó, Santa Isabel da Hungria.
D. Isabel casou com D. Dinis, rei de Portugal, e ficou conhecida pela sua atenção aos pobres, tendo tomado o hábito da Ordem Terceira de São Francisco após a morte do seu marido.
A santa morreu no ano 1336, quando mediava o acordo de paz entre seu filho e seu genro, e o seu túmulo encontra-se em Santa Clara-a-Nova, na margem do Rio Mondego.
“Há uma grande admiração por esta mulher que é exemplo para a sociedade de hoje”, visto que “ela não mandava os outros fazerem, fazia ela mesmo”, sublinhou o padre António Sousa.
As festas estão a decorrer em Coimbra desde 24 de junho e prolongam-se até este domingo; hoje a Igreja Católica celebra a memória litúrgica da santa.
A mão de Santa Isabel é posta a descoberto apenas em ocasiões especiais, geralmente efemérides da Igreja Católicas ou relacionadas com a vida da rainha: este ano celebra-se o 4.º centenário da primeira abertura do túmulo.
Uma relíquia é um objeto preservado com o propósito de ser venerado religiosamente: uma peça associada a uma história religiosa, um objeto pessoal, partes do corpo de um santo ou de um beato; é usualmente guardada em recetáculos próprios chamados relicários.
A cidade e a Diocese de Coimbra “estão mobilizadas para as festas” e esta quinta-feira realiza-se a chamada procissão penitencial, na qual a imagem sairá do mosteiro de Santa Clara-a-Nova (margem esquerda do rio Mondego) para a Igreja de Santa Cruz, onde vai permanecer até este domingo, indica o pároco de Santa Clara-a-Nova.
Para o presidente da Confraria da rainha Santa Isabel, António Rebelo, “a fama desta mulher já ultrapassou as fronteiras”.
Para além das celebrações religiosas, “há também a colaboração de várias entidades oficiais e museus com uma série de iniciativas promovidas”, disse à Agência ECCLESIA.
As pessoas sentem necessidade “de solicitar o auxílio divino e, normalmente, recorrem aos santos da sua devoção” por isso, a devoção à Rainha Santa Isabel tem tido “grande eco, especialmente, nas camadas mais carenciadas da cidade”, frisou António Rebelo.
A rainha santa consegue “criar empatia com o povo devido à forma como viveu a sua vida e praticou as virtudes cristãs”, continuou.
Sendo Coimbra a cidade dos estudantes, estes e também os professores participam nas festividades.
“Há uma tradição secular, os doutores da Universidade de Coimbra participam na procissão solene de hábito talar e insígnias”, explica António Rebelo.
O culto à santidade de D. Isabel nasceu da fama popular, logo após a sua morte em Estremoz.
Depois da beatificação da rainha em 15 de abril de 1516, o seu culto colheu a devoção de reis e príncipes, e foi canonizada em 1625.
LFS/OC