Coimbra esconde os seus pobres

«Sentir a dor dos Pobres» – Reflexão de Natal da Comunidade de Acolhimento João XXIII “Hoje, mais do que nunca, a pobreza não tem razão de ser” – refere um texto de reflexão sobre o Natal de José Dias, da Comunidade de Acolhimento João XXIII, na diocese de Coimbra. Apesar da riqueza existente, “talvez estejamos no tempo da História que mais pobres gera. E todos sabemos como se fabrica a pobreza”. Ao referir-se à cidade de Coimbra, José Dias sublinha que este burgo “de classe média, farta e segura, razões tem, de sobra, para saber eliminar a pobreza. Coimbra, doa a quem doer, não só tem muitos pobres, como os esconde, decididamente”. Ao olhar para os números, este elemento da Comunidade de Acolhimento João XXIII avança: “40.000 crianças vivem, em Portugal, na mais extrema das pobrezas. Quantas dessas crianças moram em Coimbra? A resposta é: não sabemos. A cidade tem várias dezenas de sem-abrigo. Quantos são? Não sabemos.” A cidade dos estudantes vive como “se os seus pobres não existissem” Como comunidade cristã, José Dias realça que “nos dói mais esta realidade. Porque fazemos parte desta doce inoperância, desta confortável demissão. Não desconhecemos, contudo, os limites do problema. Sabemos que a resolução do mesmo não se confina ao adro das Igrejas, nem ao íntimo das consciências”. O contributo desta Comunidade, “aflita com as suas próprias contradições”, passa pela ajuda na reflexão sobre o sentido profundo do Natal: “a partilha de humanidade que Deus quis fazer, tornando-se pessoa, pobre entre os pobres”.

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