Atual reitor explica que a casa é um lugar onde «as fronteiras são relidas de outra forma e são atravessadas», como aconteceu no ciclo de cinema «Curtas com Conversa», que terminou esta semana
Coimbra, 11 jul 2019 (Ecclesia) – O reitor do Seminário de Coimbra afirma que a casa de formação esteve “sempre ligada à espiritualidade e à cultura” e na sociedade atual era “preciso refundar essa identidade num contexto novo” com propostas que abrem portas e espaços.
“As fronteiras que foram tantas vezes delineadas pelas circunstâncias ou pelos homens e mulheres hoje são relidas de outra forma e são atravessadas. O seminário abre as portas para que possa chegar mais longe a sua mensagem, a sua identidade, mas também possa acolher outros para que possam reler-se”, disse o padre Nuno Santos.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o sacerdote realça que a cidade de Coimbra tem muitas respostas, “é um fórum que tem muitas propostas”, mas, “às vezes, falta a proposta da Igreja Católica”.
O Seminário de Coimbra, realça o seu responsável, tem contribuído para a cidade e, “não só”, no sentido de “ser uma ajuda a reler-se hoje”: “O que é que eu faço aqui na terra? Qual é o sentido da minha vida? Que vocação é que tenho, como é que posso ser mais feliz, que felicidade é esta a que é eu estou chamado? Deus é este a quem posso confiar a minha vida?
Na biblioteca da casa de formação, onde “estão muitos saberes e conjugaram-se vários saberes” a pergunta é que “mensagem a Igreja de hoje tem para o mundo de hoje”, o que é uma “aprendizagem” para ambas as partes.
“Isto é também um enriquecimento mútuo. Se ficamos fechados empobrecemos, isolamos, deixamos de ser uma mensagem encarnada para o mundo hoje”, observa o padre Nuno Santos.
O Seminário de Coimbra tem dinamizado e acolhido diversas iniciativas culturais, por exemplo, na área musical, conferências, retiros, cinema, como o ciclo ‘Curtas com Conversa’, intitulado ‘periferias’, que terminou esta quarta-feira e foi “uma aposta ganha no bom sentido pela participação, pelo ambiente, pelo falar de Deus mesmo que, às vezes, não digam a palavra.
“Até por um gesto de evangelização que se quer também nova, para novos lugares e novos espaços e acho que tem superado as iniciais expectativas. Parecia que ia ser uma proposta de iria ter dificuldade de ter um acolhimento alargado e a surpresa foi a diversidade daqueles que participam”, desenvolveu o entrevistado.
Pedro Mexia foi o orador convidado para a ultima sessão onde viram ‘La Ricotta’ (1962), “filme bastante paradoxal que foi entendido como uma espécie de paródia” mas foi “uma tangente entre a política e a mensagem evangélica”, do cineasta italiano “bastante conhecido, bastante polémico” Pier Paolo Pasoli.
À Agência ECCLESIA, o escritor considerou “importante” esta abertura que o seminário faz à cidade com “mais vontade de fazer pontes entre áreas diferentes” e “vontade de convidar pessoas que não são as óbvias, vontade de juntar pessoas de boa vontade”.
Já Álvaro Domingues, geógrafo, que esteve na quarta conversa, sobre o filme ‘A Rua da Estrada’ (2012) de Graça Castanheira’, referiu que “faltam na sociedade focos de discussão”, que se junte uma assembleia “focados num determinado tema”.
“É uma lição formidável, as pessoas fazem ideia do seminário quase como que uma bolha fechada, relacionam isso com um posicionamento da Igreja tradicionalista, fechado sobre si, e quando aqui chegam posso imaginar a surpresa que é e um assunto que seria mais normal noutro contexto o facto de ter lugar aqui ganha”, acrescentou o professor universitário.
O padre Nuno Santos explica que as diversas propostas são pensadas por uma equipa com uma “ligação forte ao seminário” e que foi sugerindo iniciativas que conjugasse “a espiritualidade e a cultura”.
“Isso para mim é muito importante, vamos contribuir para este fórum, para esta cidade com aquilo que também é nosso e específico”, acrescentou o reitor do Seminário maior de Coimbra.
HM/CB