Organização católica sublinha investimento na criação de alternativas
Coimbra, 14 mar 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Coimbra desenvolve o seu serviço/missão através da atuação diversificada em múltiplas áreas de intervenção a partir de uma leitura atenta das necessidades e atualmente uma “grande questão” é a área do envelhecimento.
“Temos de fazer alguma reestruturação no serviço tradicional de apoio a idosos. Penso que de forma geral o Estado já o sabe”, afirma a diretora de Departamento de Inovação | Comunicação e Projetos da Cáritas Diocesana de Coimbra.
À Agência ECCLESIA, Carina Dantas explica que devido às alterações demográficas dentro de “muito pouco tempo” não vão ter resposta para as pessoas que estão a envelhecer e “a ficar mais dependentes” porque as estruturas residenciais, o lar “já não tem vagas”.
“Não temos ainda esquemas de apoio domiciliário suficientes, estruturados para que as pessoas possam permanecer em casa mais tempo”, observa.
A Cáritas Diocesana de Coimbra tem tentado “criar alternativas” para o cuidado ao domicílio e refere que têm que continuar a investir, a fazer que seja “percetível” às “vias de financiamento estatal” para que possa ser “não apenas implementado” a nível local, mas numa “política nacional diferente”.
O projeto ‘Lucas 10,35’ é um exemplo de voluntariado com as pessoas de maior idade que a equipa da Cáritas tem estado a dinamizar junto de paróquias e grupos.
Para a diretora de Departamento de Inovação é necessário também “investir muito” na inclusão social associada à pobreza, ao desemprego, a “outras formas de não inclusão dos padrões comuns da sociedade” não tanto pela via caritativa mas, essencialmente, pela promoção e qualificação.
Carina Dantas comenta que têm “grande dificuldade” em garantir soluções de empregabilidade para pessoas em situação de desvantagem enquanto noutros países, por exemplo, existem cooperativas/empresas sociais quando em Portugal encontram “problema legislativo”.
“É essencial para conseguirmos não estar apenas a dar dinheiro às pessoas mas criar ferramentas para que consigam ter vidas autónomas. Isso é dignidade, de outra forma estamos a manter problema que nunca se resolverá e não consegue mudar a forma como a sociedade encara as pessoas em situação de exclusão”, alerta.
A Cáritas Diocesana de Coimbra considera que tem de haver “ligação de forças e proximidade muito grande” entre as politicas sociais definidas e as instituições sociais que trabalham efetivamente no terreno para além da “predisposição das instituições para arriscarem em coisas novas”.
Com um trabalho em muitas áreas de intervenção, a entrevistada espera que resultem da leitura atenta das necessidades das pessoas onde alguns projetos têm evidenciado “mais necessidades” ou, pelo menos, têm existido “mais alterações ao longo do tempo”, por razões políticas, económicas, demográficas e sociais.
Carina Dantas explica que não querem “inovar por inovar”, mas os problemas vão emergindo e têm de responder sendo a atualização “muito importante no trabalho social”.
A instituição católica também está em contacto com as paróquias e grupos socio caritativos de Coimbra com a sua equipa de Pastoral e Voluntariado que “trabalha diretamente com as várias paroquias tenta capacitá-las, dar formação”.
Em plena Semana Cáritas 2017, que termina este domingo, e com um peditório publico a partir de quinta-feira, a entrevistada refere que a “transparência é essencial” e têm todas as contas e as atividades publicas no seu site, “é muito fácil as pessoas perceberem” o que fazem e como.
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