Coimbra: Crise evocada junto de Santa Isabel

Denúncias de salários em atraso, desemprego e fome marcaram saudação à imagem da rainha

Coimbra, 05 jul 2012 (Ecclesia) – Promessas por cumprir por parte de governantes, salários em atraso, desemprego, fome, despejos e pobreza foram algumas das denúncias feitas hoje à noite durante a saudação à imagem da Rainha Santa Isabel proferida esta noite em Coimbra.

Na intervenção, enviada à Agência ECCLESIA, o padre António Jesus Ramos mencionou a “apagada e dolorosa situação de mágoa” em que Portugal se encontra por causa da “vilania de alguns que se propuseram servir o povo, mas não cumpriram a sua palavra”.

O sacerdote referiu-se aos “muitos” que “fraudulentamente se apropriaram dos bens que eram de todos”, enquanto outros “construíram impérios de luxo e de grande poderio económico à custa do suor dos pobres”.

O pároco criticou os gestores que ignoram “o princípio inscrito na consciência de todos de ser desonestidade e injustiça que brada aos céus não pagar o devido salário a quem trabalha”.

O professor de Teologia lembrou “o aperto em que vivem tantos, nomeadamente jovens licenciados e mestres, que, induzidos a fazerem os seus cursos universitários não encontram, no final de penosa e persistente caminhada, um trabalho digno, que lhes permita encarar o futuro com uma réstia de esperança”.

As “famílias onde começa a faltar o sustento básico e sobre as quais se lança o espectro do despejo ou da desapropriação da habitação” foram também recordadas na saudação proferida após a procissão que conduziu a imagem da Rainha Santa Isabel desde o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova até ao Largo da Portagem, num percurso de 750 metros que incluiu a passagem da ponte sobre o rio Mondego.

O diretor do jornal ‘Correio de Coimbra’ evocou também as pessoas “que entram no rol da pobreza envergonhada” e as que se juntam “à miséria dos sem-abrigo, dos pedintes à porta das igrejas, dos que sobrevivem recorrendo a pequenos furtos, dos que contam uma velha história inventada e repetida – o hospital, a doença, as coisas da vida – e estendem a mão”.

O padre Jesus Ramos realçou o exemplo das pessoas que oferecem o seu tempo para atenuar as necessidades dos pobres: “São centenas em Coimbra, e são milhares no país os voluntários, na sua maior parte inspirados nos princípios do cristianismo e ligados à Igreja Católica”.

A saudação incluiu um apelo à edificação em espaço público de uma obra que testemunhe a importância social e espiritual da Rainha Santa Isabel, padroeira da cidade e a sua “mais veneranda figura”.

“Eu atrevo-me, em nome de todo o povo de Coimbra a erguer uma vez mais a minha voz, no sentido de se construir, nesta cidade a que entregastes o precioso testamento do vosso corpo, um memorial digno da vossa condição e dos vossos pergaminhos de protetora celestial a quem sempre os pobres recorreram”, disse.

Após a saudação decorreu o fogo de artifício e a imagem da Rainha Santa Isabel foi conduzida até à igreja de Santa Cruz, onde fica exposta até domingo.

RJM

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