Coimbra: Centro Universitário Manuel da Nóbrega, «casa» sem «pré-requisitos à porta» que acolhe todos

Padre João Manuel Silva destaca papel dos animadores «os maiores missionários», que passam a mensagem

Coimbra, 07 abr 2025 (Ecclesia) – O Centro Universitário Manuel da Nóbrega (CUMN), da Companhia de Jesus (Jesuítas), é uma “casa” para muitos estudantes em Coimbra, sem “pré-requisitos à porta” acolhe as pessoas como elas são, e está a comemorar 50 anos de existência.

“O CUMN é sobretudo um centro para muitos jovens de primeiro anúncio, ou então de voltar à igreja, encontram um lugar que é uma casa, onde estão outros jovens universitários, e onde há um ambiente descontraído, de grande proximidade, também connosco jesuítas. E isso faz com que muitos, conhecendo assim um modelo de Igreja próxima, disponível, se aproximem. Para outros é mesmo a primeira vez que se encontram com a Igreja”, disse o diretor do Centro Universitário Manuel da Nóbrega, em declarações à Agência ECCLESIA, no encontro ‘Fé e Cultura’.

O padre João Manuel Silva explica que o CUMN oferece formação, “humana, espiritual”, oferece acompanhamento espiritual, oferece também salas de estudo, e muitos estudantes universitários procuram-nos “simplesmente para isso”, mas “daí, às vezes, começam caminhos”.

“Eu acho que encontram sobretudo algo que hoje, e eu penso que pode ser assim a nossa grande profecia, é ser um lugar de encontros gratuitos, onde há liberdade também de que cada um possa ser ele mesmo, onde não pomos pré-requisitos à porta. Acolhemos as pessoas como elas são e aquelas que querem continuar a fazer caminho e aproximarem-se de Jesus e querem formar a sua vida à maneira de Jesus, também vamos oferecendo caminhos nesse sentido”, desenvolveu o sacerdote jesuíta, que vivem em Coimbra há cinco anos.

O Centro Universitário Manuel da Nóbrega é um centro universitário católico aberto a todos os estudantes de Coimbra, onde encontram salas de estudo e de trabalho, bar, capela, biblioteca, e terraço, grupos e um programa de atividades, segundo o diretor, acolhem também “alguns grupos da associação académica”, “núcleos de estudantes”, e eventos, grupos de reflexão, “de movimentos que não são propriamente cristãos”, mas que encontram um espaço sossegado, tranquilo.

O padre João Manuel Silva explica que a relação e a integração do Centro Universitário Manuel da Nóbrega com a cidade e com a universidade faz-se “através das pessoas que frequentam o CUMN”, nas reuniões com o clero, e colaboram também com a pastoral universitária diocesana.

Segundo o diretor do CUMN, a Eucaristia com universitários das 19h15 à quarta-feira, “é um momento fundamental do centro, aquele momento que tem mais gente”, organizam serões temáticos, onde procuram também “falar sobre questões da política, da economia, questões relacionadas com outros temas da vida social”, que é também uma forma de se abrirem à sociedade, e relacionados com a parte estudantil.

Os animadores do CUMN “são os maiores missionários”, destaca o responsável, porque são eles que estão nas universidades, nas faculdades, nas aulas, “vão passando a mensagem”, e fazem ali “uma experiência de encontro com Cristo”, através também de uma pequena comunidade e na amizade com os Jesuítas.

Joana Carvalho, tem 20 anos, frequenta o centro universitário desde que era caloira, há cerca de dois anos, conheceu o CUMN pelo irmão e as primas, que “foram animadoras”, este ano é também animadora, “uma responsabilidade um pouco acrescida, mas não é nada assustador”.

“O CUMN para mim é muito uma casa e foi-se tornando ao longo dos tempos. Eu gosto de dizer que é um sítio confortável para sair da zona de conforto, porque, fiz lá muitos amigos e, agora já posso estar 100% à vontade”, acrescentou a estudante de Ciências Farmacêuticas na Universidade de Coimbra.

Segundo Joana Carvalho, este “sítio muito bom”, dinamiza atividades adequadas ao ambiente dos universitários, apresenta “temas bastante relevantes sobre a atualidade, momentos de reflexão, de oração, momentos de convívio”.

Para Pedro Monteiro, estudante de Engenharia Eletrotécnica na Universidade de Coimbra, que é o cocoordenador do grupo de 12 animadores, “o principal desafio para o CUMN é chamar gente que não conhece” este centro, “organizar os serões e tratar da casa, e um pouco cuidar das pessoas que por lá passam”.

O jovem de 21 anos, que está no primeiro ano de mestrado, começou a frequentar o CUMN convidado por amigos, mas hesitou, agora, é “casa, primeiro de tudo”, onde está muito à vontade”, com amigos, onde pode “estudar, rezar, ir a serões” e cozinhar.

“É de tudo um pouco. E é das melhores maneiras que temos para viver na universidade, enquanto estudante católico universitário, o CUMN é uma peça fundamental, tanto na vida universitária como na vida religiosa”, destacou Pedro Monteiro.

O Centro Universitário Manuel da Nóbrega, este ano, no seu programa está a trabalhar “a questão do cuidado”, seja para fora, “no anúncio”, a nível interno, “o cuidado da casa, o acolhimento”, e também “o cuidado pessoal, de cada um”; o CUMN promoveu a 29.ª edição do encontro ‘Fé e Cultura’, sobre o tema ‘Sinais dos Tempos’, este sábado, dia 5 de abril, no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.

CB/OC

O CUMN celebra 50 anos de existência em 2025, o padre Vasco Pinto Magalhães, um dos seus fundadores, lembrou que começou com a ideia de “entrar no mundo universitário para exatamente ajudar a crescer, não só nas aulas e nas relações, mas também numa vida interior responsável, livre”.

“Para ser humano responsável e livre para transformar o futuro não basta ter um curso nem um doutoramento. É preciso realmente desenvolver outros aspetos, o artístico, o desportivo, o criativo, porque a universidade não tem que dar tudo, mas pode abrir portas para tudo. Para um centro universitário, que em Portugal, assim como este, não havia, foi a ideia de abrir portas, a Igreja entrar no mundo universitário com respeito, mas também com desafio, com a provocação e com o esclarecimento”, desenvolveu o sacerdote, que fica “alegre que continue”.

Diogo Junqueira, antigo animador do CUMN, já regressou a Braga, onde é médico, e afirma que o centro universitário “foi muito importante” quando “estava a crescer enquanto jovem adulto no início da universidade, com muitos estímulos da universidade”, o “primeiro despertar” foi a Missa dos Universitários à quarta-feira.

“O CUMN foi sempre um espaço que eu fui percebendo que era em primeiro lugar de encontro, com pessoas muito diferentes de mim, mas também muito parecidas, e que era muito aconchegante também nesse sentido. Saber que era um espaço aberto a todos, e, ao mesmo tempo, um espaço que foi marcando o passo do meu curso”, explicou à Agência ECCLESIA, no ‘Fé e Cultura’ 2025.

O jovem bracarense de 25 anos realçou que no centro universitário dos Jesuítas em Coimbra “conseguia encontrar Deus de forma muito palpável”, através dos outros, através de uma capela aberta aos universitários e explicada “de uma maneira mais próxima”, onde percebeu que, algumas questões que “quando era mais miúdo, achava que era mais dos avós”, foram-se aproximando à medida que também ia aprendendo outras coisas, “ficando mais próximo da política, muito próximo também da associação académica”, e perceber um bocadinho como é que tudo isso podia se juntar “num jovem de 18, 19, 20 anos que vai crescendo”.

“Percebendo que a ideia é que sejamos cada vez mais coerentes enquanto vamos crescendo, e que as coisas podem ir sendo confusas, mas ir fazendo sentido à medida que vamos caminhando”, concluiu Diogo Junqueira.

 

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