Iniciativa quer combater «tristeza» de quem vive a solidão
Coimbra, 18 mar 2017 (Ecclesia) – A Cáritas Diocesana de Coimbra está a desenvolver o projeto-piloto ‘IdoVis – Idosos Visitadores de Outros Idosos’, onde todos partilham a sua vida.
“Temos muitos utentes que não têm visitas, não têm familiares ou os familiares estão muito longe. Víamos essa necessidade, a tristeza mesmo quando outros utentes tinham visitas e eles não”, começa por contextualizar Teresa Abrantes da Unidade de Internamento.
À Agência ECCLESIA, a educadora social da Cáritas de Coimbra explica que contam com “pessoas muito válidas” noutras valências e com “muito para dar”, pelo que chegaram à conclusão de que fazia sentido colocar esses utentes a visitar os outros que “não tinham família e precisam dessa visita”.
Neste contexto, Teresa Abrantes destaca o caso da “Dona Alice” que tem “muito para dar, muito amor” e “precisava disso”, por isso, tornou-se visitadora.
À Agência ECCLESIA, a Dona Maria Alice afirma que participar no projeto ‘IdoVis’ tem sido “muito gratificante”, porque ajuda “quem sofre” como também já sofreu.
“Ajudar os outros é muito bom e sinto-me feliz porque dou aquilo que tenho, amor, carinho mas também recebo meiguice, beijinhos, abraço”, acrescentou.
A visitadora, segundo a educadora social da Cáritas Diocesana de Coimbra, “fez muito bem”, por exemplo “à D. Josefina” a quem “é muito difícil chegar” porque aos 53 anos e devido a doença, está numa cadeira de rodas, vivia mais isolada e “revoltada” por não falar.
“Logo no primeiro encontro houve abertura muito grande e isso foi muito bom. Não é só a pessoas idosa que se isola mas as pessoas com estas dependências que ficam com estas limitações”, desenvolve Teresa Abrantes.
Já a Dona Alice Maria recorda que foi visitá-la ao hospital e mesmo “entubada e com oxigénio” assim que a viu “levantou a cabeça”, só para a ver e “beijar”.
“É muito importante para ela mas também sei que me faz bem a mim”, sublinha, realçando que para além de “ver a alegria” recebe “carinho” que “enche”.
Dona Alice Maria diz que vai às compras, conduz, porque “ajuda os neurónios a não morrer”, lê e faz ginástica, por isso defende que uma pessoa “não se pode fechar” e no seu caso “não” consegue afinal ainda tem “tanto para dar”.
‘IdoVis – Idosos Visitadores de Outros Idosos’ é um projeto onde todos ficam a ganhar, porque segundo Teresa Abrantes este movimento de encontro que estimula a sociabilidade “cria laços, quase como família”, indo para além de relações de apenas “amizade” mas “há laços familiares, não de sangue, de coração”.
Até domingo decorre o peditório de rua pelas dioceses realizado no âmbito da semana nacional 2017 da Cáritas Portuguesa, que tem com lema ‘Família Construtora da Paz’.
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