Coimbra: Caridade e espiritualidade de Santa Isabel atravessam sete séculos

Programa das festas que culminam segunda-feira prevê para hoje distribuição de alimentos a 300 famílias carenciadas

Coimbra, 02 jul 2011 (Ecclesia) – Caridade e espiritualidade estão entre os traços mais fortes das festas da Rainha Santa Isabel, padroeira de Coimbra, que culminam esta segunda-feira, feriado municipal e dia em que a Igreja Católica evoca a monarca nascida em Espanha.

“A Rainha Santa deixou um rasto de fé, caridade e paz”, sublinhou à Agência ECCLESIA o vigário geral da diocese conimbricense, monsenhor Manuel Leal Pedrosa, acrescentando que Isabel “marcou muito a história de Coimbra e a alma dos seus cristãos”.

Segundo o site da Confraria da Rainha Santa Isabel, a mulher do rei português D. Dinis nasceu “muito provavelmente” a 11 de fevereiro de 1270 em Saragoça, no reino de Aragão, e em 1282 recebeu na vila de Trancoso as bênçãos matrimoniais com o monarca.

Isabel chegou nesse ano a Coimbra, cidade onde se recolheu após a morte do sexto rei português, em 1325, e “realizou muitas das práticas caritativas acompanhadas de prodigiosos milagres, que viriam a ter como expressão máxima a lenda da transformação do pão em rosas”, adianta a mesma fonte.

Os três dias de preparação para 4 de julho preveem para as 15h00 de hoje a distribuição de alimentos a 300 famílias carenciadas: “Aliada à Confraria da Rainha Santa Isabel estão instituições que respondem a algumas carências, como raparigas em perigo, além de ajuda a pessoas necessitadas”, explica o sacerdote.

Para o padre Leal Pedroso, as festas manifestam também a tradição espiritual nascida após a morte da monarca, em Estremoz, a 4 de julho de 1336.

“Além dos aspetos caritativos e sociais, há uma devoção na linha da piedade e da intercessão que as pessoas fazem à Rainha Santa Isabel porque têm muita fé na sua santidade”, refere o vigário geral.

O sacerdote salienta que a veneração a Isabel ultrapassa as fronteiras do catolicismo: “Não são apenas os cristãos que têm devoção: encontramos pessoas que talvez estejam afastadas da Igreja mas mantêm respeito e uma certa fé e apego às virtudes da Rainha Santa”.

Em 2011 não se organizam as procissões que atraem milhares de pessoas à cidade situada 200 km a norte de Lisboa: “Nos anos ímpares, as festas têm um caráter mais religioso e interno, e não tanto voltado para a sociedade”.

A realização das procissões apenas em anos pares é uma “tradição” com origem em motivos económicos: “Torna-se difícil celebrar esta festa todos os anos com a solenidade que lhe é habitual, não só pelos custos mas também pela mobilização de pessoas”, diz monsenhor Leal Pedrosa.

A igreja do Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, onde se encontra o túmulo em prata da Rainha Santa, recebe entre sexta-feira e domingo, às 21h30, a pregação do padre José António Carneiro, da diocese de Braga.

Para 4 de julho estão programadas três missas, entre as quais a que se celebra às 11h00, presidida pelo padre Leal Pedrosa, e às 16h30, com a participação dos duques de Bragança, Duarte Pio e Isabel de Herédia.

Neste domingo o novo bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, recebe a ordenação episcopal no Santuário de Fátima, estando a sua entrada na diocese marcada para 10 de julho.

RM

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Agência ECCLESIA

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