Coimbra: Bispo quer paróquias capazes de interpelar habitantes da cidade

D. Virgílio Antunes lamenta falta de «capacidade profética» por parte dos católicos

Coimbra, 16 jul 2012 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra defendeu este domingo a necessidade de um maior dinamismo por parte das paróquias católicas para fazer face ao “grande vazio profético” que diz existir na sociedade atual.

“Os cristãos perderam grande parte da sua capacidade de interpelar tanto pela palavra como pelo testemunho e pela ação. Perderam, por isso, grande parte da capacidade profética que é essencial à sua condição”, referiu D. Virgílio Antunes na homilia da missa a que presidiu na celebração dos 80 anos da Paróquia de São José, intervenção enviada hoje à Agência ECCLESIA

Após reconhecer o trabalho realizado nas últimas oito décadas, o prelado disse que a localização desta comunidade, numa parte muito populosa da cidade, coloca “desafios maiores no que respeita à evangelização, à construção da comunidade humana e cristã, à criação da consciência da fé e da adesão a Cristo”.

“As comunidades cristãs, as paróquias, precisam de organizar-se para corresponder a esta missão profética que faz parte da sua identidade”, declarou.

Para este responsável, há adultos “sem uma fé esclarecida e assumida” que precisam de receber um anúncio “adequado à sua condição cultural”.

“Muitos precisam de um primeiro anúncio, batizados ou não batizados, que os leve à adesão a Cristo de coração e vida”, prosseguiu.

O bispo de Coimbra considera que as comunidades católicas deixam que se separe “a espiritualidade da ação, a intervenção na sociedade do culto, a fé da vida”.

Nesse contexto, D. Virgílio Antunes sustenta que, para lá de leituras sociológicas, políticas ou económicas da realidade, “há necessidade imperiosa de fazer uma leitura de outra ordem: centrada na pessoa, enquanto sujeito da dignidade humana, aberta aos outros e a Deus”.

“Por meio da sua vida quotidiana, de círculos de reflexão, de ações significativas e visíveis à comunidade, da autenticidade do seu testemunho, têm de ser um sinal profético na denúncia do mal e nas propostas de construção de um mundo assente na dignidade humana”, referiu.

O prelado aludiu ainda à “fragilidade” da dimensão cultual e litúrgica nas comunidades cristãs “por se perder a sua dimensão sagrada e sobrenatural, por ficar reduzida à perspetiva humana, por a religião e a fé serem relegadas para o âmbito do privado e das opções pessoais”.

OC

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Agência ECCLESIA

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