«Interiormente, sente-se que as pessoas estão a sair de momentos muito difíceis», realça D. Virgílio Antunes
Pedrógão Grande, 18 dez 2018 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra e a Cáritas diocesana visitaram hoje habitantes e habitações que foram (re)construídas depois dos incêndios de julho de 2017 na região de Pedrógão Grande e encontraram “pessoas estão a sair de momentos muito difíceis”.
“Interiormente, sente-se que as pessoas estão a sair de momentos muito difíceis, de recordações muito pesadas, mas que estão a refazer-se mesmo que espiritualmente”, disse D. Virgílio Antunes.
Em declarações à Agência ECCLESIA, o bispo de Coimbra afirmou que, no que diz respeito ao “aconchego do coração”, nota-se uma mudança “muito grande” tendo em conta os tempos passados.
A 17 de junho de 2017, um incêndio florestal com origem em Pedrógão Grande (Distrito de Leiria, Diocese de Coimbra), e que alastrou depois a vários territórios vizinhos, provocou 66 mortos e 254 feridos; o prejuízo material foi calculado em mais de 500 milhões de euros.
Um ano e meio após os incêndios foram reconstruídas 17 casas e adquiridas duas novas para substituir as que não tiveram hipótese de reconstrução
“O que podemos desejar é que, com a ajuda de todos e também com a melhoria das condições materiais, seja possível estas pessoas refazerem-se completamente daquela grande tragédia que foi sobretudo interior; o exterior condiciona muito, mas a tragédia foi a que se vive no interior”, desenvolveu o bispo diocesano.
A visita começou pelas 10h00, na povoação da Barraca da Boavista, e D. Virgílio Antunes assinala que têm encontrado pessoas muito diferentes, “idosos que finalmente têm um lar que podem habitar, doentes com o peso das suas dificuldades”, e “pessoas com horizontes muito felizes à sua frente”.
Para o presidente da Cáritas Diocesana de Coimbra, a visita quis marcar a “passagem a uma nova fase da vida das pessoas” que foram afetadas pelos incêndios e ajudadas e também da vida da intervenção da instituição católica.
“As casas estão concluídas, à medida que foram ficando habitáveis passaram a ser utilizadas pelas pessoas mas é necessário marcar como nas nossas vidas momentos de passagem para nova fase da vida das pessoas e da nossa intervenção”, acrescentou o padre Luís Costa.
O programa selecionou oito casas das 17 que foram intervencionadas – construídas ou reconstruídas – para o bispo diocesano ter “ideia do trabalho” realizado e “oportunidade de estar com as pessoas apoiadas, conversar” e “devolver a esperança e confiança no futuro”.
“Encontro as pessoas muito felizes por poderem estar a habitar a sua casa e gostaria de deixar uma mensagem de esperança a todos aqueles que porventura em situações diferentes não têm situações de habitabilidade, de saúde e de emprego para estarem plenamente felizes e em paz”, desenvolveu D. Virgílio Antunes.
O padre Luís Costa informa que a visita do bispo de Coimbra e da delegação da Cáritas diocesana vai terminar com a assinatura do auto de entrega das casas, “como marcação de compromisso que continua na pessoa de cada família apoiada”, após um jantar convívio com cerca de 80 pessoas e da Eucaristia, pelas 19h00, na igreja matriz de Pedrógão Grande.
Ao longo dos meses, a instituição tem publicado relatório no âmbito do ‘Compromisso Cáritas | Incêndios junho’, e no último, publicado esta segunda-feira, informa que as últimas semanas de ação “traduziram-se na aplicação das salamandras, execução de acabamentos, avaliação dos trabalhos e correção de pequenas reparações nas habitações”.
“Sentimos que aquilo que nos foi entregue não foi despejo de consciência, mas expressão de humanidade que feita com Deus tem outro sentido e outro significado”, realça o presidente da Cáritas Diocesana de Coimbra.
D. Virgílio Antunes refere que também quer dar “graças a Deus” por todos aqueles que foram “as grandes ajudas para que as obras fossem possíveis”, pessoas de Portugal e do estrangeiro, numa “onda de generosidade tão grande que deixa muito admirados”.
A partir de agora, o trabalho da Cáritas de Coimbra entra na fase do acompanhamento e o seu serviço continua “na legalização das casas, ajustes necessários às intervenções feitas”, para “devolver às pessoas a normalidade das suas vidas”.
“Elas precisam e merecem voltar, e não estarem em constante sobressalto sobre o que é necessário ou preciso fazer. Este encontro pontua-se por esse desígnio de devolver às pessoas a sua vida”, referiu o padre Luís Costa.
CB