Pe. Lino Maia considera que a erradicação da pobreza demorará pelo menos uma geração
A Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) pretende que os beneficiários dos subsídios estatais não se mantenham numa situação de dependência permanente face a essas subvenções.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente da CNIS, Pe. Lino Maia, afirmou que esta plataforma pretende trabalhar com os beneficiários do Rendimento Social de Inserção, para que “eles próprios, com o apoio de instituições, de empresas e da Associação Nacional do Microcrédito, possam criar formas de autonomia”.
A medida, que será implementada em 2010, Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, tem como objectivo principal promover a dignidade e a motivação da pessoa humana, mais do que contribuir para o desenvolvimento económico do país.
“A pessoa é o caminho da Igreja e é a única razão de ser de uma sociedade, pelo que temos que apostar claramente na sua promoção, desenvolvimento e felicidade”, assinalou o Pe. Lino Maia.
O director do Secretariado da Pastoral Social da diocese do Porto considerou igualmente que a erradicação da pobreza só será possível se ela for “um desígnio nacional”.
“É preciso apostar claramente na educação, a partir das creches, e em particular nas áreas mais deprimidas, como bairros sociais e zonas do interior”, referiu o sacerdote.
Por outro lado, é necessário “apostar nas condições físicas da vida das pessoas”: os “acessos e as zonas que envolvem as casas têm que ser melhoradas, porque miséria atrai miséria”, explicou o Pe. Lino Maia.
Para o presidente da CNIS, o fim das situações de carência extrema deverá demorar várias décadas: “A pobreza é muitas vezes uma marca que se herda e que se lega aos vindouros. A eliminação desse estigma é um processo que demorará pelo menos uma geração”.
O Pe. Lino Maia defende também que a luta contra a miséria e a exclusão não é compatível com o actual modelo de desenvolvimento económico. “Doravante é preciso apostar num paradigma que acentue o crescimento integral da pessoa. O mercado não é tudo e a especulação é uma via que gera o aumento do fosso entre os muitos que não têm nada, ou têm muito pouco, e os poucos que têm muito”.