Clero de Cabinda alvo de intimidações

Fundação «Ajuda à Igreja que Sofre» denuncia pressões e actos de banditismo Uma jovem empregada das Irmãs Diocesanas de Cabinda foi raptada por indivíduos armados que procuravam o Pe. Casimiro Congo, pároco da Diocese. Em Cabinda suspeita-se que estes homens tenham ligações às Forças Armadas Angolanas ou aos serviços secretos e que visavam prender ou mesmo eliminar o pároco. Na passada quinta-feira dois indivíduos armados entraram durante a noite na residência das Irmãs Diocesanas, em Cabinda, raptando uma rapariga que trabalha para as religiosas. Estes homens pediram à jovem que lhes indicasse a residência do Pe. Casimiro Congo. A rapariga conseguiu escapar numa distracção dos raptores, fugindo pelos campos até chegar novamente ao lar das religiosas onde a chorar relatou o sucedido. As irmãs alertaram o Bispo de Cabinda, D. Paulino Madeca, e o Vigário-Geral da diocese, o Pe. Raul Tati. Contactado pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o pároco relatou o que se passou depois: “Fui imediatamente à polícia, que me acompanhou até ao local. Os indivíduos não foram encontrados e a polícia responsabilizou-se por patrulhar toda a zona (junto ao lar das religiosas e à casa do Pe. Casimiro Congo)”. No entanto, o comandante da polícia apenas assegurou a segurança na zona durante esse dia. O Pe. Raul Tati diz que este não foi o único caso de intimidação. Segundo relatos de populares, esta segunda-feira dois indivíduos abordaram numa praia uma estudante de uma escola próxima da Diocese. À estudante foi pedido que indicasse uma sobrinha do Pe. Casimiro Congo, também estudante na mesma escola. Esta tentativa foi também inconsequente. O Vigário-Geral afirma estar apreensivo em relação a estes acontecimentos. “Estamos a rezar para que a situação melhore. O Bispo está muito preocupado”. Fontes da agência Ibinda, que pediram anonimato por razões de segurança, avançam hipotéticas explicações para estes casos. “Estas tentativas de prisão e assassinato do padre Congo têm sido cíclicas. Depois da proclamação da Mpalabanda (Associação Cívica de Direitos Humanos da sociedade civil de Cabinda) têm sido mais frequentes”, referem. As mesmas fontes salientam artigos recentes e difamatórios sobre o pároco, publicados em alguns jornais angolanos e uma conferência de imprensa feita em Cabinda, nas vésperas da apresentação da Mpalabanda, por militares angolanos e antigos membros das FLEC (Frente de Libertação do enclave de Cabinda) onde o Pe. Congo e o clero de Cabinda foram criticados. Recentemente, o general Agostinho Nelumba, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas Angolanas, afirmou que os “actos de banditismo” (das FLEC) são “incitados por algumas individualidades, em particular pessoas ligadas à Igreja Católica”.

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