Cáritas lamenta que medidas de austeridade anunciadas pelo governo penalizem sobretudo os mais pobres
A Cáritas “lamenta” que as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo “penalizem, sobretudo, as classes mais vulneráveis”, dando como exemplo o agravamento do imposto sobre os alimentos e a redução no apoio aos mais carenciados.
“O aumento do IVA sobre bens de primeira necessidade, particularmente sobre os produtos alimentares, foi considerado preocupante por atingir, consideravelmente, os cidadãos com menores recursos”, refere um comunicado do Conselho Permanente daquele Organismo, que reuniu a 22 de Maio, em Fátima.
A instituição de apoio social da Igreja Católica pede que seja reformulado o Programa Comunitário de Ajuda Alimentar a Carenciados no que se refere à “diversidade dos produtos” e “à regularidade da sua distribuição”, que “não pode continuar a ser tão concentrada no tempo”.
As restrições ao subsídio de desemprego e ao Rendimento Social de Inserção são também motivo de preocupação para a Cáritas, que pede “rigor” e “devido acompanhamento” na atribuição e aplicação das verbas.
O Conselho Permanente não questiona as “medidas que permitam superar, o mais depressa possível, a crise económica e financeira que está a mergulhar o país num clima de grande apreensão face ao futuro”, mas pretende que elas sejam suportadas especialmente por quem ganhe mais.
“Se, quem aufere mais do que uma fonte de rendimento, estivesse na disposição de, neste tempo de austeras exigências, dispensar as que lhe sobram e, com esses recursos, fosse criado um Fundo Nacional de Solidariedade, a ser gerido pela Segurança Social, seria um atitude reveladora de que não devem ser só alguns – os, social e economicamente mais débeis – a carregar com as consequências gravosas da crise”, salienta o comunicado da Cáritas.
“Caso contrário – continua o texto – continuará a acentuar-se o já escandaloso fosso entre os muito pobres e os muito ricos”.
O Conselho Permanente analisou ainda os aspectos mais importantes do discurso que Bento XVI dirigiu, em Fátima, aos representantes das organizações da Pastoral Social e organismos de apoio aos mais desfavorecidos, avaliou a Semana Nacional da Cáritas e fez o ponto da situação do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social.