Cinema: «Viagem ao Sol» venceu o Prémio Árvore da Vida no «IndieLisboa»

Jurados destacam que filme «salvaguarda a memória» e propõe «com subtileza uma educação para a solidariedade»

Lisboa, 09 mai 2022 (Ecclesia) – O filme ‘Viagem ao Sol’, de Ansgar Schaefer e Susana Sousa Dias, conquistou o Prémio Árvore da Vida, atribuído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), da Igreja Católica em Portugal, este domingo, na 19ª edição do ‘IndieLisboa’.

“Os sorrisos e os olhares de inquietação e expectativa, tristeza e abandono, interrogação e esperança que a realização dá a contemplar demoradamente, conduzem o espetador numa viagem feita de luzes e sombras que atravessa pobreza e analfabetismo, política e religião, segregação e misericórdia, lágrimas e esperança, separação e reencontro”, explica o júri, divulga o SNPC.

Segundo os jurados – a diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), Eugénia Quaresma, e Rui Martins, do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura – o filme ‘Viagem ao Sol’ “salvaguarda a memória” e, ao mesmo tempo, “propõe com subtileza uma educação para a solidariedade, cada vez mais necessária” na atualidade.

“Apesar de ter imagens do passado, ajuda-nos a preparar hoje o futuro”, destacou a diretora da OCPM, sobre o documentário com a duração de 107 minutos realizado em 2021.

‘Viagem ao Sol’, de Ansgar Schaefer e Susana Sousa Dias, evoca a ação da Cáritas Portuguesa na intermediação da receção de crianças “no período pós-Segunda Guerra Mundial” e a sua entrega a famílias de acolhimento.

“Portugal nunca deixou de receber de braços abertos aqueles que procuram abrigo e ajuda”, destacou o embaixador da Áustria em Lisboa, antes da exibição do filme, o último a ser agendado na Competição Nacional do ‘IndieLisboa’, informa o SNPC.

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, lembra que atribui o Prémio ‘Árvore da Vida’, no valor de dois mil euros, no ‘IndieLisboa’ a uma curta ou longa-metragem de origem portuguesa, há mais de dez anos, a partir dos filmes selecionados pela organização para a secção Competição Nacional.

Para a diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações, que integrou o júri na 19.ª edição deste festival de cinema, a arte “é muito bonita” porque “pode chegar onde os documentos da Igreja não chegam”.

“Vendo um filme, cheguei a um documento que a Igreja publicou recentemente. É uma forma de o transmitir a outros públicos, porque há pessoas que não gostam de ler, mas gostam de ir ao cinema”, salientou, este domingo, após a sessão de entrega dos galardões, na Culturgest, em Lisboa.

Após as nove longas-metragens e 16 curtas, o júri do Prémio ‘Árvore da Vida’ atribuiu também a menção honrosa ao filme ‘Águas do Pastaza’, de Inês T. Alves (2022, 61 minutos), e explica que “é um outro mundo aquele que a realização revela neste filme”.

“Em que tanto a simplicidade como a força e a beleza da natureza se cruzam com a alegria da infância, que tem tanto a ensinar e a maravilhar aos adultos de uma civilização que tantas vezes se esquece das suas raízes”, acrescenta.

Eugénia Costa Quaresma destacou também a presença do tema das migrações em vários filmes, que considerou “uma agradável surpresa”.

“Houve um filme direcionado para a diáspora portuguesa [‘Périphérique Nord’] cruzando os anos 60 com a atualidade, com o testemunho de pessoas que emigraram naquele tempo e outras que o fizeram recentemente, como vivem, que mensagem querem transmitir à nossa sociedade”, desenvolveu a diretora da OCPM.

O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura salienta que a 19.ª edição do ‘IndieLisboa’ foi a que teve mais longas-metragens na Competição Nacional (nove), mais 16 curtas, distribuídas em 13 sessões.

CB

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