Cinema: «Tron» – Que Legado?

Foi um filme muito esperado pela geração de oitenta, sobretudo pelos que se lembram da versão original de 1982, com Jeff (Clu/Kevin Flynn) Bridges bem menos sujeito às maravilhas da caracterização. Muito longe do impacto mediático que hoje se lhe conseguiu imprimir, o fenómeno, agora globalizado, chamado “Tron” teve, nos anos oitenta e em boa verdade, um impacto razoavelmente circunscrito: aos amantes e peritos do videojogo, esse sim, um acontecimento a eclodir e, segundo este público específico, do qual o cinema poderia bem não passar de mero rasto.

Já evidentemente ultrapassado, o “Tron” dos estúdios Disney de então brilhou pela qualidade e inovação dos efeitos visuais, tornando-se suficientemente elegível para a candidatura a um BAFTA (prémio da Academia Britânica de Artes Cinematográficas e Televisivas), mas não o bastante para um Oscar, não ultrapassando a linha de nomeação à estatueta nas categorias de som e guarda-roupa.

O que se pode, então, afirmar, do genuíno legado “Tron” nesta sequela tão propagandeada?

Antes de tudo o mais, o enredo desta continuação retoma o desfecho do anterior: ao serviço da empresa de software Encom, Kevin Flynn não conseguiu impedir que o seu trabalho de programação fosse roubado e plagiado. Despedido e na miséria, enquanto alguém subiu na hierarquia da empresa à sua custa, Flynn não desistiu de procurar e provar a traição a que foi submetido o que o leva a mergulhar no mundo virtual que criou, ficando refém das suas próprias criações.

Anos passados, é agora Sam, seu filho e igualmente perito em novas tecnologias, quem se propõe investigar o desaparecimento do pai. Uma busca que o faz cair nas profundezas do mesmo mundo virtual em que o pai vive há já um quarto de século e, no qual, inevitavelmente, ficará também aprisionado…

Mantendo o seu registo videográfico, “Tron – o Legado” recebe como herança maior permanecer na linha de ponta das novas tecnologias que nos nossos tempos ganham corpo com animação digitalizada e o 3D, como invólucro espectacular dum enredo que, já se depreende, pouco acrescenta a estas quase três décadas de cinema.

 

Margarida Ataíde

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Agência ECCLESIA

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