Cinema: Três curtas-metragens de origens variadas

Com “Lições Próximo Futuro” e o “Programa Descobrir” a Fundação Calouste Gulbenkian dá mais uma oportunidade de acesso à cultura, nas suas formas mais variadas e tomando por destinatários os interessados de todas as idades.

Não deixando de fora o Cinema encomendou através de Filmes do Tejo três curtas-metragens, cada uma com pouco mais de 20 minutos, colocando-as a cargo de cineastas de diferentes países, Portugal, África do Sul e Paraguai, garantindo assim uma variedade de estilo muito acentuada.

João Salaviza que, com “Arena”, conquistou em 2009 a Palma de Ouro da Curta-metragem no Festival de Cannes, realizou agora “Cerro Negro”, um filme sombrio que nos transporta em duas rotinas distintas, paralelas, que acabam por ter pontos comuns na insuficiência de meios de vida e na tristeza. Mulher e filho têm a rotina de casa e visita à prisão. Nesta o marido cumpre pena em condições humilhantes, ignorando quando lhe será dada, ao menos, a liberdade condicional.

“Hidden Life”, de Vincent Moloi (África do Sul) contrasta com o ambiente cinzento de “Cerro Negro”, não deixando por isso de se debruçar sobre a tristeza e o sentimento de desilusão. Mãe e filha em confronto com um gangster japonês são forçadas, na sequência de um rapto, a sofrer as mais fortes humilhações em ligação com a aplicação forçada e distorcida de tradições japonesas, origem do raptor e de parte da vida das protagonistas. Vincent Moloi, com experiência sobretudo em televisão, mostra merecer a oportunidade de ser responsável por uma longa-metragem.

Finalmente “Viento Sur”, de Paz Encina (Paraguai) vive sobretudo da cor e da luz, dos sons e da música. Mostra alguma inspiração artística do realizador mas uma maturidade ainda por alcançar, o que é tanto mais de estranhar quanto a sua única longa – “Hamaca Paraguaya” (2006) – foi profusamente premiada na América Latina.

Francisco Perestrello

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