As quebras de bilheteira verificadas em anos recentes nos mais diversos países são razão para que os produtores cinematográficos, especialmente os de grande dimensão, encarem o futuro com algum cuidado. Não se trata de uma situação sem saída, que outras bem piores foram vencidas em tempos passados, mas uma atempada tomada de medidas adequadas evitará o prolongamento de um período de crise, que ficou bem marcado pela pouca qualidade média das produções de 2005. Entre outras vertentes a ter em consideração inclui-se a satisfação de um público-alvo cada vez mais novo, para que se alargue, nos anos seguintes, a população preparada para ver cinema com olhos de ver. Desde sempre que os filmes para os mais novos estreiam exclusivamente nos períodos de férias. Natal, Páscoa, Verão (sobretudo no seu início) mais que épocas privilegiadas têm sido épocas exclusivas. Mas ainda antes dos distribuidores, os exibidores sentiram o perigo de tal limitação, tornando progressivamente mais frequente as sessões para crianças ao fim-de-semana, primeiro apenas da parte da manhã, depois alargando os horários às primeiras sessões da tarde. Mesmo no período escolar começa a haver a coragem de lançamento de novos filmes, recorrendo a obras com capacidade de atrair uma parte do público adulto. Há vários casos este ano, o último dos quais é “Nanny McPhee – A Ama Mágica”, que tenta vencer em horário completo o longo espaço de algumas semanas até às férias da Páscoa. Um simples conto, uma fantasia escrita por Emma Thompson, que cria para si própria um papel difícil que depois desempenha com êxito total. “Nanny McPhee – A Ama Mágica” é apenas uma comédia pouco mais que mediana, com sequências divertidas e um inevitável final feliz. Não ficará para a História, mas dá oportunidade de acesso à 7ª Arte aos espectadores de idade mais curta. Alguns irão certamente aproveitar mesmo em tempo de aulas. Francisco Perestrello