A dois meses da sua apresentação oficial na abertura do Festival de Berlim, “The International – A Organização” é a mais recente longa metragem de Tom Tykwer. Uma incursão no registo “thriller” a uma escala moderna e global, após a sua adaptação de “O Perfume”, escrito pelo compatriota alemão Patrick Süskind. Aplaudido sobretudo pelo seu “Corre Lola Corre” (1998), Tykwer lança-se, agora, aos sustentáculos de um polvo financeiro assente na instabilidade mundial, que liga países de Ocidente (Alemanha, Suécia, Itália, França) a Oriente (inevitavelmente a China), passando obviamente pelo Médio Oriente e África pelos motivos mais obscuros. Tudo começa à beira do fim de uma investigação envolvendo a aplicação de interesses de um Banco – o fictício IBBC – em armamento nuclear. Antes que sejam revelados à Interpol os nomes dos envolvidos, dos interessados e os detalhes da operação, o agente encarregue de descobrir tal informação é assassinado. O filme arranca verdadeiramente quando Louis Salinger (Clive Owen) e Eleanor Whitman (Naomi Watts) decidem, apesar de transgredirem protocolos e hierarquias de segurança internacional, ir até às últimas consequências de um tipo de investigação jamais concluído. Sem fugir a algumas sequências pouco verosimilhantes, “The International – A Organização” consegue explorar com interesse e ritmo uma realidade a que somos hoje interpelados como nunca: a forma como as instituições financeiras são geridas, suportadas e a que custos, políticos, geo-políticos, económicos, sociais, mantêm a sua grandeza – e partilham connosco os seus lucros. Por outro lado, mesmo com toda a ficção incluída, lembra-nos, através das suas multifacetadas personagens – umas totalmente vendidas a um sistema tentacular, outras totalmente entregues à Justiça e à Verdade e pelo meio as que, tendo errado, buscam redenção – a matéria de que todos somos feitos: indivíduos capazes de escolher – entre caminhos nem sempre lineares. Margarida Ataíde