Passam nove anos desde que a trilogia ‘Senhor dos Anéis’ estreou o último episódio em Portugal. A obra do escritor sul-africano John Ronald Reuel Tolkien que apaixona gerações desde a década de cinquenta, conquistou assim mais uma vasta quantidade de público e de crítica graças à adaptação cinematográfica dirigida por um mestre do cinema fantástico, Peter Jackson, e sua equipe.
Sobejamente aguardado, chega agora às salas de cinema o primeiro de três novos episódios da obra que justificou a reunião da irmandade do anel: O Hobbit, publicado em 1937.
É tempo de conhecer o passado heroico de Bilbo Baggins, tio de Frodo, o primeiro hobbit de Bagsend (Fundo do saco) a embarcar numa inesperada aventura por terras e povos da Terra Média. Visitado por Gandalf, o intemporal feiticeiro guardião da paz e da concórdia no mundo de Tolkien, Bilbo é desafiado a deixar o conforto do lar e do seu tranquilo quotidiano para partir com o povo anão à reconquista da Montanha Solitária que este povo há muito perdera. Liderado por Thorin, o herdeiro que nunca esqueceu nem perdoou esta perda e a do pai às mãos de um tenebroso Orc, o grupo enfrenta inúmeros perigos com a convicção e teimosia própria dos anões, enriquecida pela humilde perícia de um simples hobbit. Ao longo da tempestuosa demanda, torna-se claro que a ameaça que paira sobre a Terra Média vai bem além da investida dos Orcs ou do dragão Smaug: no dia em que o coração da Montanha Solitária foi descoberto, por atarefados anões forjando as extraordinárias riquezas da terra, libertou-se o Mal…
Assim começa a nova aventura da ‘parceria’ J.R.R. Tolkien/Peter Jackson, que chega aos cinemas com a mais inovadora tecnologia cinematográfica: a High Frame Rate 3D, que em vez dos habituais 24 fotogramas por segundo filma 48 fotogramas por segundo. O resultado não tem sido consensual mas não é aqui apreciado, visto a versão disponibilizada à imprensa entre nós (a que por norma antecede as estreias abertas ao público) não ter sido a inovadora…
Visto em 3D, “O Hobbit – Uma Viagem Inesperada” é um entusiasmante regresso ao espírito venturoso de Tolkien e à sobeja riqueza simbólica das suas criações, onde o Bem e o Mal se confrontam num combate protagonizado não por heróis com superpoderes, nem pelo recurso à magia, mas por gente que de pequena, simples e humilde se faz grande: desacomodando-se pela defesa do Bem, não em causa própria mas comum – o direito de outro povo à sua terra.
Margarida Ataíde