Não é surpresa para ninguém: as aventuras de Harry e dos seus inseparáveis amigos estão prestes a chegar ao fim. Isto no cinema, pois antes do ecrã já o derradeiro livro da saga Potter apinhou milhares de miúdos à porta de livrarias.
Precisamente não pela ignorância da história mas por a conhecerem bem demais, há milhares e milhares de espectadores por esse mundo fora para quem se avolumou uma enorme expectativa face a esta última investida cinematográfica. E foi com essa enorme responsabilidade em mãos que David Yates e a sua equipa partiram para a adaptação de “Harry Potter e os Talismãs da Morte – Parte 2” ao cinema.
O resultado? Um dos melhores das oito adaptações: bom ritmo e economia narrativa. Sequências bem escolhidas, fidelidade ao original literário, desempenhos em justíssima medida. Efeitos especiais bem conseguidos e q.b., uma subtil dinâmica 3D, a banda sonora de Alexandre Desplat a manter a excelente qualidade das anteriores composições de John Williams. E, claro, a inigualável capacidade de captar a luz natural do português Eduardo Serra.
Técnica à parte, os elogios a este último episódio de Harry Potter estendem-se amplamente ao sentido e à profundidade dados às suas aventuras, sobretudo conseguidas pela concepção deste fim: recheado de referências cristãs, mesmo que não intencionais, são evidentemente valorizados a defesa do Bem e o valor do bem comum, a esperança, a amizade, o perdão e a reconciliação, a capacidade de oblação e de nos oferecermos por outrém, o renascimento, a solidariedade, o espírito de união, o respeito pela originalidade, a necessidade de discernimento na execução até mais premente, a Fé e o destemor baseado nos princípios do Amor ao próximo.
Por tudo isto um filme recomendável, o último filme de Harry Potter é o que de facto exprime toda a sua finalidade, sendo, no seu mais genuíno sentido, um verdadeiro “adeus”, enviado que Harry é – e consigo os mais jovens espectadores – a um elevado patamar da existência, para lá da mera experiência sensorial do cinema.
Margarida Ataíde