Quer os cinéfilos gostem ou não gostem, o cinema hoje passa muita além da projecção em sala conhecendo uma crescente divulgação em DVD e através da televisão. As condições de imagem, em formato e em qualidade, não têm comparação possível, mas é um facto que sem estes novos suportes estaria inacessível a maior parte das obras de outros tempos. Se nos referirmos apenas à televisão aberta, com quatro canais, só nos dois dias do último fim-de-semana foram apresentados 24 filmes, ou seja, uma dúzia por dia. É um número considerável que respeita uma variedade muito grande e abrange diferentes épocas de produção. É pena que a fria concorrência entre canais prejudique a divulgação atempada dos filmes que podemos ver. Cada canal defende-se, procurando ser o último a concretizar quais os filmes que irá apresentar, impedindo assim que outros escolham já com conhecimento de causa a melhor forma de contrapor o programa mais adequado. Pior que isto, e não se entende que tal seja aceite, há quem atribua aos filmes apresentados títulos aleatórios, que em nada se parecem com os já atribuídos em apresentações anteriores nos mais diversos suportes. A maior parte da culpa desta situações provém do facto da insuficiência de registos e, sobretudo, de apenas os filmes que passam em sala ou são editados em suporte magnético ou digital terem lugar a registo na base do IGAC – Inspecção Geral das Actividades Culturais – ficando fora de tal registo as múltiplas estreias em televisão, quer nos acima citados canais de televisão aberta, quer nos canais de cabo, alguns deles exclusivamente de Cinema. A existência da base de dados da Cinedoc, única com todos os títulos registados, tem permitido minimizar esta falta de rigor, que hoje está apenas restrita à SIC, de forma sistemática, e, em outros canais, a casos pontuais de erros resultantes de menor atenção ou dificuldade de identificação correcta das obras. A uniformização de identidade das obras é um essencial para uma informação válida aos espectadores. Francisco Perestrello