Cinema: INDIELISBOA: Dez edições de vigor cinematográfico

Parece impossível mas é verdade: passam nove anos desde que o Indielisboa chegou para agitar a oferta cultural da capital com uma lufada de criações cinematográficas bem diferente da que o circuito comercial até então garantia.

Criado pela associação Zero em Comportamento, o Festival Internacional de Cinema Independente nasceu, em 2004, do vigor progressiva e conjuntamente ganho por Nuno Sena, Miguel Valverde e Rui Miguel Pereira. Com um objetivo bem definido: preencher um espaço de promoção do cinema nacional e estrangeiro inédito, num formato com padrões de qualidade e inovação inequívocos que não se colasse nem viesse a substituir o já ocupado por outros festivais, mostras ou ciclos.

Na primeira edição, a secção Herói Independente é dedicada ao Festival de Sundance, revelando não só a principal inspiração desta iniciativa nacional, mas sobretudo o alastrar, ao mundo, de uma tendência alternativa ao cinema comercial dominado pelas grandes produtoras e distribuidoras (principalmente americanas).

A partir da sua segunda edição, o festival passa a integrar a secção Indiejunior, manifestando uma muito pertinente atenção à cultura audiovisual da infância e juventude, à importância de lhes proporcionar gramáticas alternativas e de fomentar a criação de novos públicos para o cinema. Para o seu sucesso, contribuiu inequivocamente a coordenação igualmente visionária do escritor, argumentista e realizador Possidónio Cachapa, que se junta à equipa do festival.

Abrangendo uma cada vez mais vasta oferta na sua programação, que além dos filmes, formatos e géneros, conta ainda com ateliês, encontros e retrospetivas, o Indielisboa é hoje um espaço cultural incontornável, comprovado pela enorme afluência e diversidade de público (maioritariamente jovem) que a ele acorre anualmente – alternando os 1º e 2º lugar de bilheteira com o Fantasporto desde 2007. Espaço esse que, desde cedo, tem cuidado extender-se não apenas a diversos pontos do país como a outros países, alargando substancialmente o público das obras nacionais.

Em 2010, a organização do Indielisboa, recetiva ao desejo da Igreja, particularmente atenta ao pulsar do cinema nacional e deste festival,  de estreitar laços e estabelecer um diálogo profundo e aberto com a sétima arte, por um lado, e já com a experiência de contacto com júris e prémios similares em festivais nacionais e internacionais – caso dos assumidos pela SIGNIS -, acolhe com satisfação o Prémio Árvore da Vida. Reconhece a sua importância não apenas no incentivo à criação de obras nacionais, como também na promoção de valores universais que os filmes exploram e promovem.

Este ano, celebrando a sua décima edição, o Indie confirma com o mote ‘Hollywood está a ficar sem ideias. Vem ao IndieLisboa ver algo novo’ a sua premissa de origem: baseada na urgência e pertinência de uma programação cinematográfica alternativa, de um público renovado, a partir dela, e de uma profunda revisão do estabelecido ‘mainstream’.

Além das atividades paralelas com destaque particular para as ‘Lisbon Talks’, Competição Nacional e Internacional, Observatório, Cinema Emergente, Pulsar do Mundo, Herói Independente, Indiejunior, Diretor’s Cut e Indiemusic são as secções com muito por onde escolher para esta 10ª edição.

E pelo quarto ano consecutivo, o Júri Árvore da Vida lá estará, a reforçar o valor do cinema português!

Margarida Ataíde

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