Com o início próximo das férias de Natal para os estudantes, os distribuidores lançam nas salas os seus filmes destinados aos espectadores mais novos. Sem possibilidade de os rentabilizar em outras épocas do ano têm agora a oportunidade de despertar o gosto pelo cinema, visto em sala, nos espectadores do futuro. Não só em Portugal, mas a um nível global, as Produções Walt Disney apostaram para este ano em “Uma História de Encantar”, em que associam o cinema de animação com a imagem real, ocupando esta última praticamente todo o filme. Mas a introdução e epílogo, de alguns minutos cada um, mostram como o tradicional desenho animado pode ainda atingir grande nível de qualidade, mesmo sem recurso aos modernos meios informáticos que invadiram a mais tradicional casa do ramo pela a sua associação com a Pixar Animation Studios. “Enchanted”, no seu título original, tem a qualidade de coordenar muito bem as duas técnicas distintas utilizadas, que de uma forma discreta se vai prolongando ao longo da narrativa, com o recurso a imagens que recordam os melhores clássicos da Disney, desde o sapatinho de Cinderella à referência aos sete anões de Branca de Neve. No geral o filme não tem nada de imprevisível, trabalhando sem esforço o seu maniqueísmo de forma as que os valores positivos sejam bem realçados, como convirá num trabalho feito essencialmente para as crianças. As Produções Walt Disney já não têm o quase monopólio de mercado de que beneficiaram por longos anos. Sobretudo a DreamWorks trabalha activamente no desenvolvimento de obras de outro estilo, ou das que mais se aproximam das tradicionais, quase sempre com resultados que não deixam dúvidas quanto à sua competência. Na Europa sucedem-se as tentativas de incursão neste campo, deixando prever resultados consistentes num futuro próximo. Mas tal não impede que a Walt Disney se mantenha como uma referência que certamente será de ter em conta ainda por muitos anos. Francisco Perestrello