De tempos a tempos, com limitada frequência, estreia um filme com imagem a três dimensões, anunciando-se sempre um novo processo técnico o que, sem prejuízo de tal em geral ser verdade, não constituir a estrondosa novidade que se poderia supor. As experiências de cinema em três dimensões, desde logo tomando a designação 3D, datam quase do início do cinema. Em 1915 efectuaram-se os primeiros ensaios sobre algumas sequências da média metragem “Jim the Penman”, do então bem conhecido cineasta Edwin S. Porter, mas foram apenas ensaios e o filme foi apresentado em duas dimensões, como todos os outros. As experiências prosseguiram ao longo dos anos, sendo a unidade mais significativa “Máscaras de Cera”, de Michael Curtiz, em 1933. Uma longa metragem de terror que teve um enorme impacto junto do público. Tal como antes e ainda hoje se verifica o processo baseia-se na existência de duas imagens não sobrepostas que com o auxílio de óculos adequados são vistas em diferentes profundidades, quer saindo do ecrã e entrando até perto do espectador, quer afastando-se para fundos longínquos, muito para trás das personagens que se mantêm no plano principal. Os óculos foram, inicialmente e durante muitos anos, uma simples cartolina com uma “lente” verde e outra encarnada, conjugando estas cores com as recebidas do ecrã. Hoje as “lentes” são aparentemente de cor neutra, mas em material polarizado que obtém o mesmo efeito. Estreia-se agora “Beowulf” em 3D digital. Uma vez mais o efeito é semelhante ao anterior mas melhorou o conforto visual em resultado da nova tecnologia. Em Portugal o distribuidor apostou forte no resultado, estreando com 15 cópias exclusivamente em 3D digital e deixando para ecrãs adicionais, a preencher uma semana mais tarde, as cópias planas. Francisco Perestrello