A política internacional, nomeadamente a desenvolvida pelos Estados Unidos, é alvo frequente de críticas em todos os meios de comunicação, não excluindo o Cinema. Roobert Redford, conhecido actor e, sobretudo, realizador com muito talento, aborda no seu filme “Peões em Jogo” algumas das consequências da política bélica que levou às condições de presença de forças americanas no Afeganistão. Num tratamento inteligente o filme alarga-se a considerações sobre Presidentes anteriores, mas centra a sua crítica sobretudo em George W. Bush e a sua Administração. A narrativa é dividida em três planos diferentes, como se de diferentes filmes se tratasse, unindo as narrativas pela conjugação dos objectivos a atingir. Na frente de combate vemos dois soldados cercados pelo inimigo, sem hipótese de fuga; num estabelecimento escolar assistimos ao encontro de um aluno que está em decadência na qualidade da sua participação no ensino, com um ex-professor desses mesmos soldados, que os dá como exemplo; uma jornalista entrevista um Senador que lhe dá informações em primeira mão, mas trabalhadas de forma a favorecer o seu futuro político. As três vertentes da narrativa são intercaladas e relacionadas de uma forma consistente, permitindo que se vá estabelecendo a relação entre personagens que, na prática, pouco teriam a ver umas com as outros. Mas em alguns há a consciência cívica de que é preciso trabalhar melhor, contribuir de forma efectiva para o futuro do país. Dada a qualidade da realização e os actores de primeiro plano com que o filme conta – em que se incluem Tom Cruise, Meryl Streep e Robert Redford – não se torna difícil obter a participação do espectador, apenas com a ressalva que a densidade do tema o levará a ser apreciado sobretudo pelos que estão mais rodados e dispostos a participar nas conclusões com o contributo da sua inteligência. Francisco Perestrello