O verdadeiro valor de cada filme produzido ou trazido a público está nas suas características próprias, nos elementos de maior ou menor interesse que contém. Mas nem sempre pensam assim os produtores, que procuram meios de divulgação diversificados, desde as grandes campanhas de marketing do cinema de Hollywood, ao pequeno truque capaz de, artificialmente, chamar uma atenção acrescida sobre uma obra. “Corrupção” parece ser um caso exemplar neste capítulo. Caso inédito, pelo menos em Portugal, não tem realizador nem argumentistas, já que todos riscaram o seu nome no genérico. Estreado no primeiro dia de Novembro foi escondido da crítica até ao último minuto, o que poderá sair caro na divulgação da obra pois, se por um lado foi uma nova polémica que atraiu muita imprensa e outros meios de comunicação, sofreu, por outro, a passagem do deserto em termos de crítica, o que mais tarde ou mais cedo terá o seu custo. A crítica, de forma geral, presta uma preciosa colaboração à divulgação do cinema. Pouco importa se há críticos que dizem mal dos filmes estreados, pois, dizendo mal ou bem, contribuem para a sua divulgação. E os distribuidores, de forma geral, reconhecem-no, levando a cabo sessões especiais para a crítica antes da estreia de cada filme. Excepções, fáceis de recordar, serão apenas “Vai e Vem”, em 2003 (filme português) e “Corrupção”, em 2007 (filme português). A par com estes apenas os filmes indianos que há pouco regressaram aos cartazes e que seguem a curiosa linha de quanto menos se souber, melhor. Eles lá sabem porquê… Quantos aos filmes portugueses acrescente-se que são, por vezes, os mais difíceis para ter acesso a uma ficha técnica correcta, a fotografias para divulgação, ou dados exactos sobre o seu lançamento. Preferem-se as pomposas conferências de imprensa, as ante-estreias para alguns, escolhidos a dedo, e tudo em cima da hora, para que os profissionais da crítica tenham o seu trabalho dificultado até ao último grau. Francisco Perestrello