Princesas apaixonadas por sapos e homens que matam cabras com o olhar… é o desvario total no grande ecrã? O mundo mostrado de pernas para o ar?
Ou duas simples e bem-humoradas metáforas? Duas histórias que, aparentemente a leste uma da outra, mostram o melhor e o pior da credulidade humana?
Comecemos pel’ “A Princesa e o Sapo”, património da tradição oral (depois escrita) que se junta, como outras, à melhor tradição Disney. O conto, com o seu quê de fábula, leva-nos até uma Nova Orleães no auge da era Jazz. Aqui, uma miúda chamada Tiana – a primeira princesa, ou para ser mais exacta, “dama” negra da história da Disney – mal tem tempo de conhecer o homem da sua vida até que ele se transforme num horrível, linguarudo e escorregadio sapo. Horrorizada no início, Tiana vem porém a aperceber-se da magnífica essência que aquele ser aparentemente repugnante esconde e, cada vez mais atraída por ela dispõe-se a tudo para o libertar do terrível feitiço que o transformou.
Filme a pontuar nas bilheteiras numa época em que se sobrevaloriza a imagem, não a essência, “A Princesa e o Sapo” lembram-nos que nem tudo é o que parece; que o essencial não é visível aos olhos; que é portentosa a capacidade reveladora (mais que transformadora) do amor e que, no fundo é a nossa essência, não a imagem que nos define como seres humanos.
Em “Homens que Matam Cabras só com o Olhar” a história do medíocre jornalista que aceita uma missão no Iraque e se deixa seduzir por um suposto membro de uma força de elite americana com poderes paranormais, como o de matar cabras só de nelas pôr os seus olhos, consegue, pelo contrário, provar que a credulidade baseada em malabarismos, meras impressões e “efeitos especiais” (alguns casuais), a pouco mais conduzem que a encruzilhadas de enganos e valentes cargas de trabalhos!
Cada qual no seu género, não deixam de ser duas histórias divertidas que retratam as nossas próprias faces, mas para ver além da tela.
Margarida Ataíde