Cinema de Hoje Lembra o Passado

Esgotada, de forma geral, a imaginação no cinema dos Estados Unidos, com frequência os seus argumentistas recorrem a remakes, sejam eles de velhos filmes americanos sejam de obras europeias que refazem com equipas locais e, muitas vezes, com o apoio de técnicos ou actores que intervieram no original. Hitchcock também já foi alvo de um remake, com “Psico”, retomado por Gus Van Sant em 1998. Agora é “Janela Indiscreta” que se toma como tema de inspiração, com um argumento bem diferente mas com evidente suporte na obra prima de Hitchcock. A personagem central de “Paranóia” não tem uma perna partida, mas está confinada à residência em consequência de uma condenação a prisão domiciliária. Com controlo por pulseira electrónica desencadeia o alarme sempre que ultrapassa os limites da casa em que vive, pelo que se entretém a observar os vizinhos com o auxílio de um binóculo. E nasce a suspeita de estar próximo um serial killer… Nos pontos essenciais segue-se a linha de “Janela Indiscreta”, mas a condição do protagonista permite alargar a acção ao exterior, sobretudo sempre que este ultrapassa os limites impostos, o que faz em função da tentativa de esclarecer, até às últimas consequências, o que vê ou supõe ver. O filme leva tempo a adquirir o desejado ritmo mas, como obra assumidamente de ambição limitada, cria algum ambiente de suspense, mesmo que conduza a um final totalmente previsível. Dois actores de vinte e poucos anos – Shia Labeouf e Sarah Roemer – contribuem de forma definitiva com o seu entusiasmo para elevar o resultado desta produção. A programação de Verão tem necessidade de abandonar os grandes lançamentos, preferindo obras menores. E quando estas são de puro entretenimento e de resultados mais ou menos aceitáveis não vai mal de todo o cinema como espectáculo. Francisco Perestrello

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Agência ECCLESIA

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