No ano em que adaptou a obra de Hergé ao grande ecrã, Steven Spielberg lançou-se a nova obra cruzando uma incrível aventura com uma forte mensagem no género humano.
“Cavalo de Guerra” é um drama ambientado na Primeira Guerra Mundial e traz-nos à cabeça a história de Joey, um heroico cavalo que cruza os mais adversos cenários bélicos e geográficos desde que em 1914 é vendido numa feira de Devon, ao modesto quinteiro Narracott, até que cai em pleno campo de batalha francês, entre trincheiras inglesas e alemãs…
Não faria tanto sentido o filme versar apenas sobre o belíssimo equídeo senão integrasse diversas histórias que, todas juntas, compõem uma clara mensagem: no caso, uma mensagem de esperança na capacidade dos homens de transpor disputas mais e menos pessoais de modo a concorrer para um bem comum. Aqui simbolizado na vida de Joey.
Assim, não é apenas a incrível resiliência de Joey que o faz sobreviver mas igualmente os vários gestos de amor de cada pessoa por quem passa para consigo. E é nesto sentido que “Cavalo de Guerra” deixa de ser a história dum animal heroico para passar claramente a ser uma história de pessoas heroicas, muito mais habilitadas para o bem que une que para o mal que divide.
Postas as inequívocas qualidades temáticas da obra, o filme apresenta na sua conceção original um enorme desafio: levar-nos a percorrer duas horas e meia de viagem à garupa de um cavalo conseguindo interessar-nos equitativa e equilibradamente por cada pequeno enredo que compõe a totalidade da história. Um desafio muito mais difícil do que as palavras parecem sugerir e que deixa algumas reservas quanto ao resultado final… tecnicamente o filme vive muito bem do bom trabalho fotográfico e de uma justa realização, mas não é aposta ganha na gestão do argumento.
Apesar de entrar na corrida aos Oscars como potencial candidato a melhor filme e desta ultimamente trazer surpresas, é provável que Spielberg, com todo o mérito da mensagem que passa, deixe a um dos pares o podium da noite da academia.
Margarida Ataíde