Cinema Biográfico

Entre os muitos géneros que dão suporte aos filmes produzidos nos mais diversos países, o “biográfico” é um dos mais variados, dependendo da forma de abordagem e das características próprias da sua figura central. A época e o meio social em que viveu o biografado tornam-se elementos essenciais na maneira de documentar a sua vida, obrigando a uma definição do ambiente, eventualmente o guarda-roupa sofisticado e à decisão sobre a percentagem entre a os factos e a ficção, pois sem esta última tornar-se-ia mais difícil a obtenção do ritmo narrativo desejado. Por vezes mais importante que o próprio biografado são as ideias que este defende e a sua influência no mundo que o rodeia. E é este o caso da biografia de Ernesto “Che” Guevara, em que assumida-mente se estuda o seu percurso político e de guerrilheiro, deixando para segundo plano, ou mesmo ignorando, os factos mais relevantes da sua vida pessoal. Evita-se o cinema espectacular; procura-se a análise das complexas situações de guerra ou guerrilha e o sentido da vida, quando o respeito pela mesma se perde totalmente. Com mais de quatro horas de narrativa o filme foi produzido em duas partes distintas, sendo raros os países que decidiram apresentar todo o conjunto agregado. Em Portugal as duas partes apresentam-se separadamente e foram intitu-ladas “O Argentino” e “Guerrilha”. A Steven Soderbergh foi entregue a realização. Cineasta com marcada experiência, com obras como “Erin Brockovich” (2000) e “O Bom Alemão” (2006), pôs todas as suas qualidades ao serviço do filme, dando-nos a imagem correcta do percurso do médico argentino Ernesto “Che” Guevara, que, negando uma total conversão ao marxismo, se aliou na luta de combate à ditadura em mais de um país, no caso do filme com detalhes sobre Cuba e a Bolívia, onde veio a morrer depois de para aí se transferir na sequência da vitória de Fidel Castro em Cuba.

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