Cinema: As Flores da Guerra

Em 1937, em plena segunda Guerra Sino-Japonesa, tropas japonesas invadem a então capital da República da China de forma violenta, no que ficaria conhecido como o Massacre de Nanjing. Tendo como alvo mais frágil as crianças e as mulheres, um grupo de meninas orfãs escapa ilesa abrigando-se no interior do convento católico onde cresceu e que se mantém imune à investida bélica. Dias mais tarde, o mesmo abrigo é ocupado por um mercenário de origem americana e um grupo de prostitutas locais.

Entre a disputa pela sobrevivência e a disparidade de valores entre os vários ocupantes, o convívio inicial é francamente complicado. No entanto, perante a imprevista ocupação do convento por um grupo desgovernado de soldados japoneses, novos valores se levantam conduzindo os fugitivos a unirem-se em defesa do bem comum.

Os laços entre todos estreitam-se de tal forma que uns virão a provar ser capazes de dar a vida não já pelos “outros”, mas pelos que entretanto assumem como “seus”.

Zhang Yimou, realizador de origem chinesa com notoriedade internacional encetada anos noventa, tem visto os seus filmes reconhecidos pela conjugação de valores humanos realçados e mestria cinematográfica, com prémios católicos atribuídos ao longo dos tempos quer pela OCIC (organização que em 2000 integra a conhecida SIGNIS) quer por Júris Ecuménicos, a par de nomeações e prémios atribuídos nos principais festivais de cinema internacionais. É o caso de “Qiu Ju da guan si” (“A História de Qiu Ju”, 1992), “Viver” (1994) ou “O Caminho para Casa” (1999).

Baseado no romance de Geling Yan, “As Flores da Guerra”, marcando uma cada vez maior cooperação entre a indústria cinematográfica chinesa e americana, é um intenso drama de guerra e sobrevivência, de pecado e redenção, que alia o melodrama, um mínimo contexto histórico e profusas sequências de batalha para contar como um grupo de pessoas aparentemente tão díspares pode formar uma comunidade fundada no mais genuíno amor ao Próximo.

Um filme com uma mensagem positiva que a um olhar minimamente expedito não deixará de evidenciar algum desequilíbrio, quer no abuso da espetacularidade quer na ausência de aprofundamento das personagens e suas relações.

Margarida Ataíde

 

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Agência ECCLESIA

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