Cinema: Antonioni revisto

A partir do final da II Guerra mundial e estendendo-se ao longo dos anos 50, o cinema italiano atingiu uma elevada qualidade temática e uma larga divulgação internacional. Foi a época do neo-realismo, em que Robertro Rossellini, Vittorio de Sica – sempre com a colaboração do argumentista Cesare Zavattini -, Alberto Lattuada, Luigi Zampa ou Luchino Vis-conti, entre outros, criaram um cinema de forte sentido humano, sempre de temática social mas sem grande preocupação em obter uma técnica muito apurada, embora tirando partido das capacidades expressivas da fotografia a preto e branco. Já fora desta corrente, mas tomando a mesma como fonte de inspiração, viveu-se uma nova fase de Visconti, o desenrolar da brilhante carreira de Federico Fellini e, bem mais longe destas origens, o cinema de Michelangelo Antonioni, muitas vezes pesadamente intelectual mas sempre valorizado por uma estética brilhante. Antonioni foi o alvo de muitas sessões cineclubistas dos anos 60, estando hoje praticamente limitado às sessões da Cinemateca Portuguesa. Não tendo filmes destinados a uma larga maioria do público pouco tem suscitado o entusiasmo dos distribuidores, que agora surge com a reposição de “Profissão: Repórter”. Produzido muito mais tarde, quando o cinema italiano já contava com uma divulgação bem mais restrita, documenta a evolução sofrida a partir das premissas citadas. Antonioni dedica-se, uma vez mais, ao papel do homem na sociedade, aos confrontos entre aquele e o meio que o rodeia, conduzindo à solidão, dando corpo ao seu pessimismo congénito mas fazendo-o deixando saídas temáticas e, sobretudo, uma estética de muito alto nível, com o seu ritmo lento ou ponderado e uma banda sonora com solos de viola que exercem um verdadeiro fascínio. Uma ocasião para um contacto da nova geração com um cineasta que poucos (dos mais novos) conhecem devidamente. Uma figura incontornável da História do Cinema. Francisco Perestrello

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Agência ECCLESIA

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